As crónicas do Lynx

Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!

sábado, maio 12, 2007

1º Acampamento Geocaching






No fim-de-semana ‘grande’ do primeiro de Maio, decidi participar no 1º Acampamento Geocaching em Portugal, na Serra da Estrela. O objectivo, o bom convívio entre geocachers de Norte e Sul do país (devido à sua localização central) e a procura de caches em ambiente de alta montanha, algo verdadeiramente aliciante, nomeadamente quando falamos de autênticos colossos / mitos como o Cântaro Magro ou o Cântaro Gordo.




Foi uma experiência excepcional para mim, que há anos que não acampava a sério. Claro que, nos dias anteriores, o meu entusiasmo estava ao rubro. Afinal, ía acampar 4 dias, a cerca de 1000m de altitude e procurar caches acima dessa altitude, a envolverem caminhadas longas, uma outra ascensão, possivelmente neve e frio. Como já não acampava há anos, passei a semana anterior a comprar uma tenda nova (uma ‘2 seconds’ que incrivelmente se monta mesmo em 2 segundos), acessórios para acampar (colchão, pratos, copos, talheres,…), para caminhadas longas (uma mochila melhor e mais confortável e impermeável, um bastão, um corta-vento,…) e alimentação (afinal, quando temos frio, muitas vezes o melhor remédio é alimentar convenientemente a nossa ‘fornalha interna’).




Claro que as caches acabaram por ficar na memória, mas já lá vamos, porque, o que neste momento gostava de salientar é a mística de um acampamento deste género. E que foi dada, antes de mais, pelo convívio excelente entre todas as pessoas, e que ficou bem demonstrado nas 2 míticas churrascadas de Sábado e Domingo à noite, verdadeiros momentos de antologia. Num grupo com mais de 20 pessoas, é obra!




Das 4 caches que tinha marcado como o meu objectivo para este fds, só fiz uma, a mais fácil tecnicamente, uma Earthcache sobre o Vale Glaciar do Zêzere. As minhas vertigens (ou a antecipação delas…) levou a melhor na tentativa de subir o Cântaro Magro (mas aí tive a satisfação de ver o resto do grupo a atingir o cume) e a falta de preparação em termos de equipamento (não levei calças para a neve… - agora já aprendi) limitou a ascensão ao Cântaro Gordo (parámos após 100 metros, quando começou a nevar!) e à Nave da Mestra. Mas houve duas outras caches que, não esperando eu, acabaram por se tornar emblemáticas para mim este fim-de-semana.




Foram duas caches que obrigaram a caminhadas relativamente longas (apesar de só distarem em linha recta cerca de 1,5 kms, o relevo do local obrigou-nos a percorrer distâncias bem superiores), que foram cumpridas em grupo (no caso da “Lendas e Lagoas”, um grupo de cerca de 30), com um grande espírito de entreajuda (não teria conseguido atingir a “Lagoa da Paixão” sem a ajuda do BTRodrigues, do Costa dos Lamas e do Afonso Loureiro) e no meio de paisagens magníficas. Como descrever o momento em que, dobrando um contraforte granítico, vislumbrei pela primeira vez a Lagoa do Peixão, aninhada no fundo de um vale, ladeada por gigantescos granitos, pelos cumes da Serra? Como descrever a sensação de isolamento do resto do Mundo, de "sou o primeiro ser bípede a passar aqui este mês" nessa descida? A sensação de termos começado pelo ponto de partida errado e de termos encontrado o caminho? A sensação de nos orientarmos de volta aos carros, com mais uma hora de luz e o nevoeiro a espreitar de quando em quando? De aprendermos a ler o caminho de regresso? E a Lagoa Escura, ‘irmã’ da Lagoa Cumprida, com aquele ar de águas profundas, frias e paradas, e as suas lendas de uma ‘mão que puxaria quem por lá passava para as profundezas’ e de ‘destroços de navios naufragados no mar que por lá passavam’?






E a sensação de conquista depois de tudo acabar bem e de termos atingido o objectivo e voltado? ‘Priceless’!




P.S- Nos primeiros dias após o acampamento, confesso que senti saudades de jantar com um gorro e um frontal na cabeça, de volta de um grelhador…






Fotos - BlueTrekkers e BTRodrigues (é ele quem aparece na foto com a Lagoa do Peixão por trás)