Um problema

A situação que se vive em São Paulo ilustra o que de pior pode acontecer nos próximos anos: as alterações climáticas que vivemos devido ao aquecimento global provocado por acção humana, a serem potenciadas por falta de planeamento.

Resumindo, está a chover muito menos do que o habitual nas bacias hidrográficas que fornecem água a São Paulo. Apesar de a seca ser evidente, não houve alterações no consumo de água pela cidade - basicamente, as medidas impostas foram tardias e de muito baixo impacto. Como o sistema nunca esteve dimensionado para fazer face a uma situação de seca (e note-se que a expressão "seca", aqui, é relativa, uma vez que nem estamos a falar das secas cíclicas de 2 / 3 anos em Portugal), não aguentou. Uma das principais redes está abaixo dos 10% de capacidade de armazenamento, e está já a planear usar o volume morto - que tem implicações na qualidade da água (se bem que não interesse falar muito nisso). Como estamos a falar de uma cidade de cerca de 13 milhões de habitantes, com níveis organizativos muito díspares e fraco planeamento urbano, o problema é, na realidade, um pesadelo.

Mas, sobretudo, um pesadelo do que podem ser os próximos 80 anos, com o aumento da temperatura média global e uma mais intensa urbanização, sobretudo nos países em desenvolvimento (e com menor nível de preparação a nível institucional). Vale a pena olhar para o que está a acontecer em São Paulo e lembrarmo-nos que temos hoje que nos preparar para o que vai acontecer daqui a 20 anos.

http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/08/retencao-de-agua-de-usina-pela-cesp-pode-levar-colapso-diz-ons.html