As crónicas do Lynx

Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!

sexta-feira, dezembro 15, 2017

Algumas dicas para correr em neve

Chicago. Nova Iorque. Roterdão. Eu sei que a lista não é longa, mas já tive algumas experiências de corrida em neve em ambiente urbano, que me ajudam a formar uma pequena lista de dicas.

Antes de mais, a palavra "neve" é muito generalista. Os esquimós terão dezenas de palavras para neve, e eu começo a perceber porquê. Afinal, neve grossa a cair misturada com chuva (o que os ingleses chamam "sleet") é muito diferente de neve já gelada no chão. A abordagem a cada uma delas tem que ser diferente. Mas há uma coisa que não muda - a necessidade de ter boas sapatilhas. Tipicamente, quando há neve no chão, ou neva de forma a que ela se comece a formar, só corro com umas boas sapatilhas de trail calçadas, daquelas impermeáveis (ninguém gosta de correr com os pés molhados) e com uma configuração que permita uma boa aderência, para minimizar as escorregadelas. Isto é especialmente importante se começar a haver gelo no chão, que costuma ser um problema maior que a neve. Se a neve estiver fofa e uma espessura considerável, pode valer a pena pensar em calçar uma perneiras (polainas) que impermeabilizem a parte inferior das pernas.

Se ainda estiver a nevar, sobretudo se a neve estiver a ser tocada com vento, vale a pena pensar em proteger os olhos, para não levar com os flocos de gelo directamente na cara - os meus óculos costumam desempenhar esta função na perfeição até ao momento em que ficam encharcados. Se estiver sol, sobretudo depois de nevar intensamente, devemos usar óculos de sol.

Mas a grande questão é perceber se a neve está gelada ou não. Tipicamente, durante um nevão, a neve não está ainda congelada, está ainda fofa, e a aderência, com umas boas sapatilhas de trail, não é problemática. Mas se a neve gelar, os problemas aumentam consideravelmente. Tipicamente, a neve gela se depois de um nevão tivermos temperaturas negativas (sobretudo se elas forem persistentes) e se for compactada, naquilo a que eu chamo "mini-glaciação". A acçao de um peso (seja de pessoas a passar, carros, camiões,...) compacta a neve, formando gelo que pode ser bem escorregadio. Por isso, muitas vezes, até é melhor correr fora de caminhos que tenham sido abertos no meio do branco, e atravessar a neve virgem.

Uma outra condição perigosa é quando temos oscilações de temperatura entre o positivo (tipicamente de dia) e o negativo (à noite). Nestas ocasiões, pode acontecer que parte da neve descongele durante o dia e forme poças de água, que à noite se transformam em gelo, praticamente invísivel se não estivermos com atenção. Ou seja, um tipo pode desviar-se da neve e depois, entra numa mini sessão de patinagem...

As superfícies onde corremos também interessam - e muito. Chão mole, como areia, terra ou relva, tende a prolongar a fofura da neve (não é tão fácil ela gelar). Já superfícies mais metálicas (e estou a lembrar-me de viadutos, por exemplo) propiciam o aparecimento de gelo.

Em qualquer dos casos - muito cuidado onde põe os pés. E divirtam-se!