Para uma história alternativa do Geocaching
Percorreu muito. Cruzou montanhas. Vales. Rios. Viu gente. Diferente. Como eles viviam. Conheceu-lhes os olhares, as falas, os sorrisos. Aprendeu que o riso é singular, porque é igual em todo Mundo e diferente entre cada pessoa. Aprendeu o som da chuva a cair. O cheiro da terra molhada que vem a seguir. O toque frio do nevoeiro numa manhã de Inverno. O calor suave de um fim de tarde de Verão junto à praia. Aprendeu o valor de cada passo. De cada metro que cada passo permite correr. De cada dia de viagem feito de mil metros, cada um tendo um passo. De cada Mundo de vida que centenas de dias de viagem a caminhar mil metros e mil passos de cada vez significam. Aprendeu a sentir. Aprendeu a escutar, a olhar, a cheirar. A saborear cada momento. Aprendeu a viver.
E, um dia, disse, que já não queria mais. Que já tinha visto muito do Mundo. Que sabia que não tinha visto tudo, mas que o que conhecia lhe bastava, e o resto deixava para a imaginação, porque tinha aprendido que era importante sonhar. E então escolheu um sítio com gente boa. Debaixo da sombra de árvores, com um lago ao pé. Onde podia ouvir o riso das crianças e as promessas de amor dos namorados. E sentou-se. Quieta. Parando.
E quando o fez, fez uma nova promessa. Assim como tinha recebido a sua missão, há muitos e muitos anos atrás, ela entrega-la-ia agora. A todos. A todas as pessoas. Porque se ela tinha caminhado e visto o Mundo e percebido o valor de cada passo, de cada sensação, de cada segredo, então ela agora passava para todas as pessoas a oportunidade de prosseguir a missão que era dela. Ela dizia a todos para irem à procura dela. Para a procurarem a ela e a todas as suas irmãs que estavam espalhadas pelo Mundo. Em segredo. E para que, qualquer homem que assim se tornasse viajante, passasse a aprender o valor de cada passo, de cada sensação, de cada segredo.
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