As crónicas do Lynx

Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!

segunda-feira, setembro 19, 2011

El Chaltén






Acordar às 6h da manhã e enfrentar temperaturas negativas – para fazer isso, era porque o dia à frente prometia ser grande! E era

mesmo! Depois de um pouco mais de 3 horas a percorrer as extensões ermas da Patagónia (em que me senti a cruzar um planeta diferente do meu habitual, um planeta em que lagos gigantescos se sucediam, rodeados de gelo, em que a transição entre terra nua com algumas ervas e neve se sucedia, em que víamos guanacos, seres que nunca tínhamos visto antes, tudo na luz tremulante da manhã fresca), parámos, um pouco antes do destino. O objectivo? Tirar umas poucas fotografias ao lago e ao glaciar Viedma, mesmo à nossa frente, e ao imponente Monte Fitzroy, esse gigante sul-americano. Uma paisagem de cortar a respiração!

Depois, chegámos a El Chaltén – a capital do trekking argentino (segundo ela própria se designa). E não é difícil perceber porquê. Apesar de no Inverno a vila estar meio abandonada (duvido que tenha os apregoados 5000 habitantes; nem rede de telemóvel havia!), percebe-se que, em alturas mais agradáveis, deve borbulhar de vida de mochila às costas. Antes de mais, assim que chegamos, o autocarro leva-nos até ao escritório do Parque Natural, onde recebemos mapas, respondem-nos a perguntas e dão-nos um briefing – “Os caminhos nas montanhas têm muita neve que congelou e, por isso, estão muito escorregadios. Tenham muito cuidado e, se não têm bastões, façam apenas os trilhos mais fáceis”. Ou seja, depois de ouvir esta explicação, ficou o caminho decidido.

Cruzámos a vila a andar (ainda demorou algum tempo), com a minha mochila carregada de comida (assim, se eu

me perdesse do grupo, era em quem tinha os víveres…) e, depois, seguimos por um caminho longo e bem marcado, ao longo do vale do rio que seguia a nossos pés. Um rio com um leito largo, típico de rios de alta montanha, preparado para receber toda a água que vem por aí abaixo dos glaciares e das neves das montanhas no degelo – mas, agora, em pleno Inverno, reduzido a menos de metade


da sua largura, com o fundo de cascalho visível nas voltas e revoltas do rio, enquanto o U do vale glaciário em que ele estava instalado estreitava e desaparecia lá ao fundo. Momentos para vários clicks, garanto-vos! E mais fotografias ainda aguardavam-nos no local escolhido para o nosso almoço -

uma fabulosa cascata de mais de 20 metros de altura, numa floresta, a precipitar-se das alturas por entre gelo e a cair num pequeno lago debruado a neve. Soube que nem ginjas!

Depois, foi voltar para trás, pelo mesmo percurso e, cruzando novamente a vila, entrar num outro trilho, que subia a um pequeno monte sobranceiro a El Chaltén. Aqui, a caminhada e a subida foram feitas na neve, com muito cuidado para não escorregar e cair – o que teria sido uma má experiência de algumas dezenas de metros… E, no final do trilho, um espectacular mirador (“Dos Condores” como lhe chamam), com vistas soberbas para El Chaltén, os rios que os atravessam e para os Andes que ali começam, incluindo para os espectaculares Cerro Torre e Fitzroy. A cache que ali estava, foi um prazer – mas, sobretudo, um bom complemento!

Gostei de El Chaltén! Aliás, adorei a Patagónia, esta região dos glaciares. Acho que vou ter que cá voltar, se tiver oportunidade!