E, depois, admiram-se que o Alentejo fosse comunista
A prepotência e elitismo que transparecem deste texto do Público, que referencia as discussões que originaram a Base Aérea de Beja, são absolutamente chocantes. A sério! Li o texto esta manhã e ainda não consegui parar de pensar nele:
“Também as famílias abastadas de Beja foram confrontadas com o alastramento do “fenómeno”. Não estavam a conseguir garantir a continuidade do “pessoal para os serviços domésticos do sexo feminino a que habitualmente se dá a designação de criadas”, explica um abaixo-assinado entregue à comissão luso-alemã dando conta dos problemas delicados que o recrutamento de “criadas de servir” iria provocar na cidade de Beja e fora dela, “nomeadamente os salários mais altos”, de que resultaria para as “famílias abastadas a perda de serviço que equivale a um agravamento das dificuldades de ordem económica”.
“Não deviam ser oferecidos salários mais altos do que os praticados na região até porque estes são, entre nós, os salários justos, os que estão de acordo com o nosso nível de vida", propunha-se. Os alemães ofereciam um salário de 1500 escudos mensais, que contrastava com os 300 escudos que eram pagos pelas famílias abastadas.
O “agravamento dos salários das criadas não poderá ser suportado pela maioria dos agregados de Beja. Poderia provocar graves problemas de relacionamento entre portugueses e alemães”, alertava-se. Em alternativa: as habitações destinadas ao pessoal alemão “não deviam incluir instalações para criadas”” - no artigo referido acima.
Eu sei, eu sei que não vivi o Estado Novo e não consigo perceber algumas coisas. Mas isto é, para mim, um vislumbre de algo que me está tão distante, e que acho tão errado, que até estremeço!
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home