As crónicas do Lynx

Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!

domingo, fevereiro 01, 2015

De volta à orientação - edição de Janeiro de 2015


Foi há cerca de um mês. Olhei para o calendário, vi que ano era e fiz uma pergunta a mim próprio - quantos anos mais vou esperar até voltar a correr, com um mapa e uma bússola na mão, pela floresta, à procura de pontos marcados na carta, enquanto leio o terreno com os olhos e a legenda? E decidi que queria voltar à orientação, o desporto que, com o ténis, faz o meu corpo vibrar.

Depois de alguma pesquisa pela net, lá me inscrevi para uma pequena prova, na Holanda, a 1h20m de casa - uma distância relativamente curta, que me permitiria ir e vir, numa localização que prometia floresta. Rejubilei quando confirmaram a minha inscrição e, confesso, fiquei o resto a sonhar com esta prova, a rever mentalmente a legenda, as principais dicas que aprendi, a correr para me preparar para uma prova destas.

Mas, nada me preparou para a realidade. Para já, porque... nevou! Caiu um nevão nessa madrugada que cobriu o país de uma fina camada branca. Nem preciso de vos dizer o quão espectacular foi, assim, percorrer o país para ir para esta prova, primeiro com uns resquícios de neve na berma e, depois, progressivamente, à medida que me dirigia para Norte, por um manto permanente, do qual apenas sobressaiam as quintas e florestas holandesas. Uma beleza! 

Mas uma beleza que tinha também o sabor de novidade para mim. Nunca tinha corrido em orientação pela neve e, toda esta prova foi uma aprendizagem para mim. Aprendi a evitar as derrapagens no terreno gelado e sempre instável da orientação, a correr levantando os joelhos nas áreas de neve mais alta em arbustos rasteiros, a fugir de possíveis buracos escondidos que me poderiam lesionar, a sentir os pés molhados da neve que entrava entre as perneiras e as sapatilhas e ensopava minhas meias. Mas, aprendi também a correr numa floresta do Norte da Europa, tão diferente dos pinhais ou dos montados portugueses - na realidade, apenas no Alvão tinha corrido entre árvores deste género, de ramos baixos, densos e nús do Inverno. Aprendi também a correr num terreno absolutamente plano, em que não tinha a ajuda do relevo do mapa para me orientar - e este é dos principais ângulos que aprendemos na orientação em Portugal.

E diverti-me! Tanto! Foi tão bom voltar a mergulhar de cabeça na natureza, encará-la como um desafio positivo, como um imenso terreno para o meu jogo, tão natural como respirar, com surpresas tão fabulosas como o gamo que, de repente, se atravessou à minha frente, pelo meio da neve.

Meus caros, a próxima já está no meu radar - em Março, volto a uma prova de orientação!