Ser simpático
As provas urbanas de orientação são sempre sui generis - sobretudo se forem numa pequena vila ou aldeia. Fica toda a gente a olhar para nós a correr como uns desalmados coloridos com uma folha grande na mão, e, provavelmente, a pensar que algo de muito estranho se passa para aqueles loucos andarem ali. Ontem, em Arronches, uma bonita, simpática e pequena vila alentejana, foi assim, e não me posso esquecer dos três alentejanos a beber minis à porta da tasca e a mandar bocas aos orientistas que passavam, incluindo a conversa quando eu passava para um dos últimos pontos:
- "Acho que aquele já passou por cá!"
- "Não passou nada!"
- "Estou a dizer-te que já passou!"
- "Sim, sim, já passei e não estou perdido!" ainda gritei antes de dobrar a esquina lá ao fundo, mas ainda a tempo de ouvir um "Vês! Eu não te dizia?"
Mas, é sempre de bom tom ser simpático com as pessoas e envolvê-las no espectáculo colorido e azáfama que, de repente, envolve a sua habitual pacatez. Por isso, e para além de ainda ter dito a uma senhora de idade que "É para uma prova de corrida. E internacional!", sempre que me cruzava com alguém da terra, cumprimentava-os. Afinal, a expansão deste desporto depende da receptividade das pessoas - e é sempre uma questão de educação agradecer a quem tão simpaticamente cede a sua cidade e espaço de uma vida para as nossas provas.
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