Geyseres a 4000 metros de altitude
4h da manhã. Foi duro acordar a essa hora, apesar de me ter portado bem na noite anterior (muito bem, mesmo). Vesti a roupa mais quente que tinha, diversas camadas, luvas, buff no pescoço, outro na cabeça, por baixo do chapéu, dois polares leves, caneleiras de lã de lama compradas no dia anterior, botas e aí estou eu, pronto para enfrentar o frio do Deserto do Atacama às 4h30 da manhã. Quando chegou o autocarro para nos levar, o aviso do guia confirmou as informações anteriores e toda a roupa que levava - lá em cima iam estar -9ºC.
"Lá em cima" era o campo de geyseres de El Tatio, nos Andes, junto à fronteira com a Bolívia - um imenso campo de geyseres (o terceiro maior do Mundo, e o maior do hemisfério Sul), a 4200 metros de altitude! Para lá chegar (para além de ter que se acordar bastante cedo), temos que percorrer cerca de 2 horas de autocarro por estradas andinas de terra batida (algo perfeitamente controlado, uma vez que estávamos integrados numa excursão que deve ser diária... para além de que havia outras companhias com a mesma excursão) e pagar a entrada no Parque Natural (barata para bolsos europeus, mesmo se portugueses). E, acreditem, vale a pena! A sensação de ver o parque coberto do vapor quente que sai dos geyseres e das fumarolas, com os picos altíssimos dos Andes como enquadramento ao nascer do Sol é uma experiência fabulosa, daqueles que tenho a certeza que não vou esquecer. Não que os geyseres sejam muito altos (desiludam-se os que esperam "erupções" de água de metros e metros de altura), mas o ambiente, no ar frio da manhã, a uma meia-luz que vai crescendo aos poucos, é majestoso!
Pelo meio, para além das muitas fotografias, ainda tive tempo para um mergulho numa piscina termal ao ar livre (a experiência de estar só com fato de banho com -9ºC de temperatura ao ar livre faz-nos querer entrar na água quente da piscina o mais depressa possível!), lamas, alpacas e a oportunidade de bater o meu recorde pessoal de altitude - que, de forma bem anti-climaxiana, foi atingido tranquilamente sentado num autocarro, quando passámos por um monte a 4500 metros de altitude...
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