Kop van Zuid
Uma das primeiras coisas que me impressionou da primeira vez que cheguei a Roterdão foi a modernidade dos edifícios. Os bombardeamentos alemães e aliados da Segunda Guerra Mundial reduziram a cidade a escombros (sobreviveram parte de uma igreja, parte da Câmara Municipal e uma casa...) e, por isso, obrigaram à reconstrução integral da cidade que era (e é) o maior porto da Europa - e essa reconstrução começou a partir de uma folha em branco...
É por isso que a cidade é hoje uma ode ao aço, betão e vidro, pejada de pequenos arranha-céus que a muitos fazem lembrar Manhattan - e a mim recordam-me as cidades do Extremo Oriente, se bem que numa escala bem mais pequena. E apesar do Hotel Manhattan, a estação central de comboios e toda a avenida Weeena sejam um bom exemplo do que disse, na realidade, nada o representa melhor do que a zona de Kop van Zuid, do outro lado da Erasmusbrug - ainda para mais, com todo o simbolismo de ter sido a zona de onde partia a carreira regular de cruzeiro entre Roterdão e Nova York, feita pelo saudoso SS Rotterdam, ancorado agora como hotel e centro de congressos noutra parte da cidade. É uma área de aço leve, arquitectura imponente de grandes nomes e torres gigantescas. Vivemos lá um mês, num apartamento na maior torre residencial da Holanda (e que viemos depois a saber que foi desenhada pelo Siza Vieira) e gostámos - tem bons restaurantes (para muitos gostos - não todos), um bom centro cultural com cinema e acontecimentos variados, museus, um excelente teatro e vistas deslumbrantes. Está, literalmente, no meio da água - e, a correr, dá para fazer uns percursos bem giros. Aliás, está tão no meio da água que ainda hoje é o terminal de cruzeiros da cidade, e, um belo dia, espreitámos pela janela e tínhamos um barco de 12 andares de altura à nossa frente - o que é uma sensação bem diferente. Com o tempo começámos a ter os nossos locais preferidos - o brunch ao Domingo no cafézinho acabado de abrir do outro lado do RijnHaven, a feijoada brasileira de Sábado no Maria Bonita, ir a pé para o escritório admirando o acordar da cidade na Erasmusbrug,... Enfim, gostámos tanto que, quando tivémos que sair do apartamento temporário (era só por um mês), mudámos para o outro lado da rua, ainda no Kop van Zuid, perto de tudo o que tínhamos gostado (mas já não na torre do Siza Vieira). E, foi assim que, no meio do tal aço frio, vidro alto e canhões urbanos, uma cidade fria, começou a ter um cheiro especial a algo semelhante a casa...
Se quiserem ler um pouco sobre o Kop van Zuid (se bem que numa perspectiva um pouco diferente do que está acima), podem ir a http://www.theguardian.com/artanddesign/2013/nov/18/rem-koolhaas-de-rotterdam-building . O edifício acabou (literalmente) de ser construído! E obrigado, Joaquim, pelo artigo!
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