As crónicas do Lynx

Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

"Está tudo bem?"

"Está tudo bem?", perguntei à rapariga sentada, no meio do pinhal da zona do Pontal, em Faro.


-"Mais ou menos" respondeu ela. Uma resposta que imediatamente me fez parar a minha prova - não ia deixar aquela miúda no meio do mato, se precisava de ajuda.

- "Então? O que se passa?" perguntei, olhando para o tornezelo da perna esquerda, num ângulo estranho.

- "Estou a sentir-me meio tonta", disse, recolocando a perna numa posição normal ("ufa!", pensei, "não é o calcanhar partido").


- "Sim?"


- "Estou a sentir-me muito cansada"


- "Queres voltar para trás? Quantos pontos é que te faltam?"


- "Estou no sexto. São dezoito."


- "Hmm! Sabes onde estás?"

- "Sim! Estou muito cansada. Sinto-me tonta. Tenho desmaios desde os 7 anos e fui fazer exames, mas ainda não sei os resultado. Sinto como se tivesse uma bola no topo da garganta"

ALARME! Tonturas, cansaço, desmaios crónicos desde que é miúda - o que será? Estou realmente muito preocupado e preparo-me para acompanhar a rapariga até às chegadas, quando...

Foi como se tivesse chegado um anjo! Era a pessoa que eu mais queria ver ali naquele momento! Detrás de um arbusto, a consultar o mapa, com o inconfundível chapéu na cabeça, a Gisela Martins acabava de entrar em cena - e, para além de ser uma orientista do CPOC, de ser geocacher e de a considerar como amiga,... a Gisela é médica!!!

- "Gisela, podias chegar aqui?


- "Olá! Tudo bem? Tivémos aqui um acidente?"


Em poucos segundos a rapariga foi submetida a uma rápida e eficiente consulta. Diagnóstico? Quebra de tensão por cansaço, mas já a recuperar visivelmente! Já se sentava e estava a ser coerente no que dizia! Estava a ganhar forças Ufa! Deixámo-la com 2 pacotes de açúcar e a minha barra energética de emergência e a viva recomendação de apanhar o caminho principal para trás - mas não precisávamos de a escoltar até lá.

A Gisela agarrou no mapa e seguiu um azimute Sul. Uma última pergunta "Queres que vá contigo?", um "Não" confiante, um último olhar para me assegurar que tudo estava bem e continuei o caminho por Noroeste.