As crónicas do Lynx

Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!

segunda-feira, janeiro 16, 2012

Arronches

Sentia-me a navegar como um míssil, com cada ponto a estar exactamente onde esperava. Sentia-me pesado, mas não parei de correr – e sabia que a velocidade estava lá, adequada ao tipo de terreno que os meus pés pisavam, eu é que desejava correr ainda mais depressa, com asas nos pés.


Arronches fica longe! Junto à fronteira norte-alentejana com Espanha, demora-se 2h30 chegar lá – e às suas planícies onduladas, salpicadas de blocos graníticos aqui e ali. É uma pequena vila branca (claro! Afinal, é no Alentejo!), com um castelo, uma igreja e cheia de gente simpática. E foi também o palco de um intenso fim-de-semana de provas para o Campeonato Nacional de Orientação – incluindo uma prova (no Domingo, a que não fui), a contar para o Campeonato Mundial.

Mas, Sábado, apesar das horas a que me levantei (e que saudades que eu já tinha disso) foi um óptimo dia. Ver todo aquele colorido na arena da prova, cores garridas de vários clubes de toda a Europa – e o terreno do mapa à minha frente, com pequenos montes encimados por pedras e mato, algumas azinheiras aqui e ali, magnífico!

Parti e rapidamente orientei o mapa, desenhando a rota que queria seguir, e lembrando-me das lições de orientação que tinha recordado depois de uma semana inteira a jogar catching features – olhar para o mapa, escolhendo os elementos que queria que guiassem a minha navegação no terreno. E deu resultado – essa maior concentração fez com que rapidamente chegasse ao maior ponto e, de repente… Sentia-me a navegar como um míssil, com cada ponto a estar exactamente onde esperava. Sentia-me pesado, mas não parei de correr – e sabia que a velocidade estava lá, adequada ao tipo de terreno que os meus pés pisavam, eu é que desejava correr ainda mais depressa, com asas nos pés. Os pontos sucediam-se uns atrás dos outros, sem erros de navegação – excepto num ponto em que sai para o lado errado, e noutro em que contei mal os montes de calhaus. Mas, estava muito satisfeito com a minha navegação – praticamente sem erros! No final, sabia que não ia ganhar, mas não sonhava com o segundo lugar, a apenas uns segundos do primeiro. Mas, soube logo qual o meu ponto a melhorar – nas transições das vedações de arame farpado, fi-las a medo, tentei evitar ambas e perdi tempo aí.

À tarde, não esperava um grande resultado – tinha almoçado um belo prato de migas com entrecosto em Campo Maior, e não esperava uma prova famosa. Mas, mais uma vez, um percurso sem erros de navegação (também, era um mapa urbano) e sempre a correr, acabou por provar os seus méritos – neste caso, o primeiro lugar!

Claramente, gostei de Arronches e da força que me deu para as próximas provas de orientação!