As crónicas do Lynx

Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!

terça-feira, outubro 28, 2008

Graffiti hunting no Bairro Alto


Porque não um Domingo diferente? Bem mais urbano do que a maioria dos meus. E num sítio fascinante, que não costumo ver à luz do dia.








Estacionei o carro junto às Amoreiras, no local onde habitualmente o deixo quando vou trabalhar, coloquei a máquina fotográfica a tiracolo e... desci a Rua das Amoreiras, direito ao Bairro Alto. É difícil encontrar um lugar assim (pelo menos em Portugal9, onde a decadência e a degradação estão lado a lado com a moda, ambientes in e gente bonita. É um lugar de diversão, mas também de inspiração e de expressão. E eu sabia que ia encontrar óptimos murais modernos e perenes!




Um bom graffiti é uma peça de arte. É uma expressão de criatividade urbana de alguém, que, assim, mostra o seu talento e sentimentos ao grande público, de uma forma que, sabe, tem mesmo a certeza, não durará para sempre. E, com uma mente aberta (nunca os confundam com vulgos escritos ordinários nas paredes, ou tags identificativos standardizados) embelezam fortemente a, muitas vezes, vulgar e cinzenta paisagem urbana.





Calcorriei, assim, as ruas empedradas do bairro, para cima e para baixo, de máquina fotográfica ao ombro e um mapa de uma intervenção urbana grafiteira na mão, que assinalava alguns graffitis de autor, recentemente pintados, andando uns metros, parando, focando, disparando a máquina na direcção de uma pintura numa parede, um homem pintando-a de branco e destruindo-se, um chimpanzé a suicidar-se com uma banana, um homem a reflectir na sua vida, um urinol falso pintado numa parede que deve servir de mijadouro não oficial.







Uma tarde diferente, a pensar e a sentir este ambiente urbano único, com cor, e arte e ideias e sentimentos de ontem, a entrarem-me pelos olhos, enquanto bebia sinais de um bairro com uma vida sui generis, com Metallica a sair de uma janela e uma discussão conjugal da próxima, um homem de chanatos a tentar apanhar a Vida quando sai apressadamente da porta da sua casa, onde estão dois miúdos a fumar chamón, três velhotes a beber vinho atrás de vinho às 4 da tarde numa tasca a sério enquanto discutem o jogo do Benfica que vai dar na TV à noite, com uma família de turistas espanhóis a comer numa esplanada bonita 2 ruas abaixo.


Digo-vos, foi uma grande tarde!