As crónicas do Lynx

Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!

quarta-feira, setembro 19, 2007

Síndrome do afogamento


Todos os nadadores-salvadores sabem que socorrer um afogado não é exactamente como nas ‘Marés Vivas’ – para já, nem todos os que necessitam de socorro têm medidas de modelo, e, depois, é algo bem mais violento. É que, no desespero de se salvar, a vítima tem sempre a tendência (instintiva) de se agarrar de qualquer forma a quem o vai socorrer – o que pode ser um desastre para ambos. Por isso, é muito vulgar os nadadores-salvadores começarem a aproximação à vítima com... um valente murro!!! E foi exactamente isso que me apeteceu fazer na prova de orientação de Domingo!


Eu explico! Prova de Domingo, na Nazaré, uma prova de ‘sprint’ (????) com 5,5 kms e 195 metros de desnível, realizada no meio de um pinhal, plantado em areia, e cheio de desníveis – mas ligeiros, que não permitiam uma leitura muito milimétrica a quem não fosse um cromo completo (como eu não sou!). Isto significa que me enganei bastante no Sábado e que também cometi uns erros bem interessantes na prova de Domingo... Um deles foi por um motivo absolutamente caricato.


Apesar de tudo, eu já faço orientação há algum tempo. O que significa que até não sou mau de todo a orientar-me (não estou ao nível de um cromo completo da Elite, mas safo-me...). E, como estou a correr em opens e não para o primeiro lugar do campeonato nacional (porque será...), se encontro alguém muito perdido, não tenho grandes problemas em perder 20 segundos e ajudá-lo a perceber onde está (já fizeram isso por mim no início, e ninguém me diz que, no futuro, não venha a precisar de ajuda...) – agora, o que aconteceu no Domingo foi inaudito! Estou a caminho de um dos últimos pontos, a correr, quando, vejo um senhor com mais de 50 anos a perguntar-me esbaforido se sabia onde estava – paro ao lado dele e vou ajudá-lo quando... o homem me arranca o mapa da mão e me pergunta onde é que eu estou ! Só me apeteceu bater-lhe! É que, assim, quem ficou desorientado, no meio da pressão para continuar a prova e ver se ainda fazia um tempo razoável... fui eu! É que, a partir do momento em que te tiram o mapa da mão, perdes todas as referências, deixas de saber onde estás! Resultado: acabei por indicar ao homem uma localização errada (deve ter ficado ainda mais perdido), perdi-me eu também (perdi o azimute e fui a correr para o lado errado – verídico!!!) e só me apercebi quando dei conta que o terreno estava mesmo muito errado em relação ao mapa e fiquei de tal forma fulo que perdi a concentração para o ponto seguinte e passei ao lado dele...


E, por isso, no meio disto tudo (e de não ter dado nenhum murro ao homem!), foi uma absoluta surpresa quando fui consultar os resultados ontem e... verifiquei que ganhei o somatório das provas do fim de semana (com uma vitória destacada no percurso de Domingo!)!!! Parece que, aquilo que me correu mal a mim, correu ainda pior aos outros... (o mapa era mesmo tramado!)