As crónicas do Lynx

Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!

domingo, junho 25, 2006

De volta à orientação!!

24 de Junho de 2006

Depois de 3 meses de paragem, era altura de voltar. De tentar o tudo ou nada. De perceber se o meu joelho tinha recuperado mesmo a 100% e se poderia voltar a fazer corridas de orientação pedestre. E, desta vez, não me esqueci da bússola!!

O local escolhido foi a Lagoa de Santo André, onde decorria uma prova do Campeonato Regional Sul – o meu campeonato… Desta vez, no entanto, e como ainda estou em fase de ‘testes’, inscrevi-me na categoria Difícil Longo, e não nos Seniores Masculinos B.

Confesso que estava um bocadinho nervoso. Fiz o aquecimento, e a cada passo pensava “tenho que colocar os pés da maneira correcta”, “não forces, não forces” e “tem cuidado com os impactos”. Estava com receio de voltar a sentir a dor no joelho.

Entrei para a box da partida e concentrei-me. 1 minuto antes de voltar a entrar em prova. Focus. Partida! Orientei o mapa (com bússola é mais fácil) e percebi como ir para o primeiro ponto. Seguir o caminho e, na curva seguir em frente, o ponto vai estar um pouco para lá do ‘enfiamento’ da cerca, à tua esquerda. Rapidamente deixei o caminho e o ponto estava lá! O segundo, continuar ao longo da margem e da vedação, passar as árvores especiais (o que seriam), o ponto vai estar à tua esquerda. Fui-me desviando do terreno arenoso (quero correr o mínimo possível em areia para não forçar o joelho). 1 palmeira à minha frente – estão descobertas as árvores especiais. Gente perdida à procura do ponto. Ele está ali. Como um míssil. Excelente! Terceiro ponto, apanhar o caminho, contornar vedação à direita, primeira à esquerda, apanhar caminho, primeira à esquerda, na casa abandonada. Passo por um concorrente que também vai para lá. Done. Quarto ponto, segue caminho, contorna cerca parque de campismo à direita, na casa abandonada (outra??) – done! Os pontos sucediam-se rapidamente, e o gozo de voltar a correr no meio do mato também. Dos problemas do joelho nem sombras!

No ponto 9, o problema. Cadê o ponto??? Devia estar neste arbusto!!! Circundo uma vez, aparecem mais 3 participantes, trocamos uns “o ponto?”, “devia estar aqui”, “é neste arbusto!!!”, eles seguem e eu também. Alguém tinha levado uma baliza de orientação para casa!!! Deve estar a fazer companhia uns duendes no jardim de alguém!! Mais pontos, a orientação até agora ainda não falhou. Aproveito uma passagem por mato mais denso para andar um pouco – há muito tempo que já não corria no meio do mato, é bem diferente de treinar no paredão, com as mudanças de ritmo e de piso constantes. Apanho uma área mais aberta e volto a correr, entro num aldeamento, a baliza está já ali, próximo ponto é apanhar a estrada e seguir, volto a andar na estrada (isto é desperdício de tempo, é o piso perfeito para ganhar velocidade), ponto e abastecimento de água. Atravesso a estrada a correr, pico o próximo, e sigo para o seguinte (já nem me lembro do número). Estão umas miúdas novas a pedir ajuda, vêm comigo, estou a seguir para o próximo ponto, oh não, estou a enganá-las, o ponto que elas querem é lá atrás! Peço desculpa e indico-lhes o caminho. O meu ponto está ao pé de uma árvore especial, ali está ele. Next, sigo a estrada a subir e entro para terra, continuo pelo meio do mato, ao meu lado umas roulottes abandonadas, como é que é possível!!!, ponto! Next é um azimute curto, 30 metros máximo, está ali alguém perdido, baliza encontrada. Começa uma série de pontos de longa distância e navegação fácil, sempre a correr, o joelho continua ok, mas o problema é o fôlego (falta de hábito) e os ténis novos devem estar a fazer-me bolhas nos pés porque me doem. A andar 30 metros. A correr outra vez, 1, 2, 3 pontos, o próximo é no meio do eucaliptal, parece que não há caminhos, mas se eu seguir por este caminho, apanho aquele carreiro que mal se deve ver e, na curva com aquele formato sigo em frente até à depressão onde está o ponto. Saio para o carreiro, vou a andar, porque a orientação vai ser mesmo difícil, continuo, a curva parece ser esta, há alguém ali à frente, o buraco…, o ponto. Gotcha! Segue para o ponto 200, a correr, se seguir sudeste pelos eucaliptos vou encontrar o caminho, aqui está ele, ali à frente, as fitas do troço final, o 200 está na ponta. Agora é fazer estes 200 metros a correr, finish!!!

Ufff!

Feito!!!

No final, o joelho portou-se à altura e eu também! 4º lugar em Difícil Longo!

Fiquei contente! Não, muito contente!

domingo, junho 18, 2006

A bússola é mesmo essencial!

Sábado, 17 de Junho

O meu retorno à orientação pedestre! 3 meses depois da minha lesão no joelho, que me obrigou a parar durante um tempo demasiado longo e asfixiante, eis-me de volta!

O local escolhido tinha tudo a ver comigo. Uma prova de orientação do CPOC, na encosta Norte da Serra de Sintra, numa floresta em Colares. Uma prova com partida simultânea, a um Sábado de manhã a ameaçar chuva, com o céu bem carregado, numa zona que adoro - isto prometia!

E prometia mesmo, se não tivesse sido aquilo que percebi 2 minutos antes da partida. Fui colocar a bússola de competição no dedo e... ela não estava lá!!! Tinha perdido a minha bússola!!!

Era demasiado tarde para fazer fosse o que fosse, portanto, decidi respirar fundo e confiar na minha bússola suplente - aquela estilo pombo correio, que está dentro do meu cérebro.

Assim que foi dada a partida, olhei com calma para o mapa, orientei-o na direcção que acreditava ser o Norte e desenhei o caminho para o primeiro ponto. Cruzei um ponto que sabia não ser o meu (estava demasiado próximo para aquilo que esperava) e continuei. Avistei um outro ponto no meio do arvoredo e encaminhei-me para lá. Não era o ponto certo, mas estava no meu mapa, portanto, afinei a minha busca e segui em frente - não estava a ser fácil! A orientação em BTT, como é feita por caminhos, praticamente dispensa o uso de bússola, mas a pedestre, baseada em azimutes pelo meio do nada (e este mapa, excelente, era mesmo um mapa para azimutar), obriga mesmo a que estajamos sempre orientados.

Percebi a melhor forma de atacar o ponto 1, a partir do sítio onde estava e, com a leitura do terreno (sim, aqui estive bem), consegui chegar ao ponto 1 (foi um, segue este caminho, e, antes da vedação, desce para a esquerda pelo meio da segunda clareira, que o ponto vai estar lá no meio, depois da clareira estreitar para um passagem), finalmente, passados 10 minutos do início da prova. Percebi como ir para o segundo (atravessa o caminho seguindo um trajecto de 30º face à saída da clareira, e segue por subidas e descidas) e rapidamente lá cheguei, segundo também as vozes que me permitiram descobrir o ponto no meio do canavial). Depois foi a vez do terceiro e quarto pontos, baseando-me também na leitura do terreno - descobri-os (o quarto muito rápido, mesmo), mas estava a demorar muito tempo no total. O quinto ponto estava a ser demasiado difícil (enganei-me, quase de certeza no azimute e não tinha como corrigir por falta de 'Norte') e desisti.

Afinal, uma bússola é mesmo imprescindível para fazer orientação! Ainda me orgulho dos pontos que fiz só através da leitura do terreno e acho que, se não tivesse absolutamente nada combinado para o almoço (foi dia de jogo da selecção), talvez tivesse encontrado todos os 26 pontos do percurso - em 4 horas, para aí...