As crónicas do Lynx

Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!

sábado, agosto 25, 2012

Obrigado, Neal Armstrong...

... por fazeres parte da minha galeria de heróis e por, com um pequeno passo, teres alimentado os sonhos da Humanidade por tantos e tantos anos.

sexta-feira, agosto 24, 2012

2 segundos

Para quem não sabe, a Susana Pontes, a campeoníssima ori-bttista portuguesa, ganhou ontem a medalha de bronze de Sprint no Campeonato do Mundo de Veteranos de Ori-BTT - a primeira medalha portuguesa de sempre em quaisquer campeonatos do mundo em Ori-BTT. Agora, vejam o comentário dela, em baixo (que ela enviou para todos os colegas do CPOC e que está também disponível no seu facebook):

"COMO DOIS SEGUNDOS PODEM MUDAR O ESTADO DE ESPÍRITO DE UMA PESSOA"SPRINT (Camp. Mundo OriBTT, Veteranos) ... estranho, cometi alguns erros quer na tomada de decisão, quer no percurso para o 2º ponto, mas desta vez tive a estrelinha da sorte
 comigo, e por 2 segundos, sim 2 segundos, ganhos no sprint final (é verdade!!), fiquei em 3º lugar. Dois segundos, que mudaram o meu estado de espírito... Como é possível!!! Cheguei furiosa com a minha Prova, ainda por cima quando o Rui Botão me dizia que mesmo assim tinha ficado em 4º lugar... Depois, ouvimos que tinha sido 3º com 2" de diferença para a 4ª... não fiquel totalmente satisfeita... Mas depois, tudo foi mudando devagar, e pensei, é isto a Orientação... os outros tb falham, e eu para o 3º lugar... falhei um pouco menos... Estou contente!!"




Ou seja, mesmo quando pensam que vos está a correr tudo mal, não desistam. A Susana nunca teria ganho a medalha se não tivesse dado o máximo para ganhar aqueles 2 segundos no sprint final!

Madre Teresa

"Se não puderes alimentar um milhão de pessoas, alimenta apenas uma." - Madre Teresa de Calcutá

quinta-feira, agosto 23, 2012

Alex Zanardi

Alguém quer um exemplo de tenacidade, coragem e força de vontade? Nesse caso, acho que vale a pena lerem sobre um dos meus pilotos de Fórmula 1 preferidos - http://www.motorsportretro.com/2012/08/alex-zanardi-dont-dream-its-over/

quinta-feira, agosto 16, 2012

Ciclovia do Tejo

Como passar bem 2 horas em Lisboa, a pedalar relaxadamente com a namorada. Perfeito!

terça-feira, agosto 14, 2012

Isto é uma vitória

Para alguém que teve que fugir de uma guerra civil, poder ser o primeiro atleta a representar o seu país (mesmo que não oficialmente), deve ser uma vitória - sobretudo na prova rainha dos Jogos Olímpicos, uma prova de "sangue, suor e lágrimas". Muitos parabéns, Guor Marial, do Sudão do Sul!

domingo, agosto 12, 2012

Jacarta

Sugou-me a energia, nas três semanas em que lá estive. Uma cidade extremamente pobre, poluída, sem infra-estruturas de apoio. Uma cidade em que não podia correr na rua e em que a noção de diversão era ir ao centro comercial. Uma cidade que me "estafou". Verdadeiramente!

quinta-feira, agosto 09, 2012

Gunung Batur


I looked straight. Straight into the darkness of the night, sensing the valley before me and guessing the shape of the volcano in front. With a deep breath, I took in the distance, the darkness and the challenge all together. And my mission. I took the first step, going down to the valley in order to go up.

“My bad luck ends today”, I thought, when I walked through the tropical forest of inland Bali, through the large crater, through the darkness of the night and my soul. My thoughts were on all the misses, the near finds, the frustrations I had over the last few months. “So many tries and so few successes” I thought, setting my eyes hard as iron on my objective ahead, the summit of the mountain I now had in front of me, while my hand instinctively went to the pocket of my jacket, touching it. “For years, I have seen them doing it in movies” I whispered to myself – “Is there any truth to it?” I asked to myself. And I lunged forward.

Then I reached it. The basis of the mountain, the volcano in front of me, its cone massive, standing against a night that was still black, matching my thoughts, matching my fears. I put a foot in front of the other, used my hands for support and compelled my body up, scrambling forward, towards the active crater. “You have failed me” I said to myself, once and again, and every time I said it, I walked faster upwards, faster and faster, almost running through the loose ground, through the hardened lava, in a rage that drew from my heart, from the darkness around me. I felt the fury taking over me, the strength and thrust of the mighty volcano, the power to destroy and regenerate – and I arrived up with all the negative feelings of my world upon me!

I stopped, looking at the darkness of the night around me. I looked down, at the darkness of the crater in front of me, fumes surrounding it, like a mouth opened to a hell well beyond my eyes and my comprehension. “For years, in the movies, the people would sacrifice virgins for good luck, for good crops, to these Gods and hide here” I said, and touched the object in my pocket. “You have given me so few successes, so many misses” and the darkness from the mouth of the volcano took me and my rage grew. I took my GPS out of my pocket, looked at it against the blackness of the depth. “No more DNFs, you lousy bastard! No more arrows pointing to the wrong bush, to the wrong crack in the mountain, to the wrong rock! No more 10m precision! No more muggles starring at me in cities while I look behind every traffic light! No more puzzled looks of other geocachers, their mouths saying ‘but the cache was right there!’ and their eyes questioning why I didn’t see it!”. “I sacrifice you, my GPS of doom!”, and my hands moved forward to the crater, ready to let it go to the darkness beneath my feet.

And then, something got my mind. A glimpse of blue light. A freshness of the air. A strong and bass voice that whispered powerfully through the wind. “You got me wrong”, it said, mighty as a whisper can be. “You got me wrong!” said that voice, all the power coming out of each word. I shivered! I looked down, beyond my feet, beyond the rim of the crater. I looked straight to that mouth of hell. To the source of that voice. To the volcano that was talking to me! I shivered, my eyes as big as satellites, my hands cold, my heart stopping. “You got me wrong! You got it all wrong! You got geocaching wrong!” said that voice I thought straight out of hell. “It is not the find that makes the geocacher. It is the experience of living the cache! The joy is not in finding it, it is searching it. With your heart. With your soul.”, said the volcano. “The GPS is no more than the extension of your heart. If you search a plastic container with your eyes or hands, you will not find it. You need to put your heart in the GPS, in the terrain around you. You need to put your heart in the GPS the same way the Owner put his heart onto his when hiding the cache. You have to live the experience he wanted you to live, not to find the plastic container he put there.” His words sank in my soul. My body warmed. My eyes grew softer. I felt tenderness invading me. I felt my heart beating again, not as ice against rock, but soft and strong. I looked forward to my hands. My GPS was smiling at me. He was looking right through my eyes, finding my soul, finding my Geocaching dreams and saying reassuringly “we will make it together”. I looked down at the volcano, the darkness of its mouth. But it was different. I saw shapes now, not only blackness, I saw shadows and tender light. And though it didn’t say anything else, I felt the volcano was pleased. Pleased with my change of heart. I straightened myself, looked not down, but around, and I felt the lightness of the air, the sky turning softly to blue, the coolness of morning. I looked around, and I didn’t see destruction anymore, I saw the forest, the lake, the people living around it, and I felt rejuvenation, I felt the volcano in a newer light. I felt that though it destroys, it brings life as well. The new life I was feeling now. Then, I put my GPS back in my pocket, I threw a last look, a “thank you!” whisper to the crater, and, with a smile and a dim of sunshine in my eyes, I started my journey down to the world, expecting not to find containers, but full geocaching life experiences.


domingo, agosto 05, 2012

Como nos tornar-mos deuses...

Acabei de rever um comentário que deixei no blog de uns amigos meus há anos atrás (2007? 2008?), sobre o tema da pobreza. Achei que valia a pena recordá-lo (também para mim próprio, para que nunca me esqueça dele).

"Aprende a dar antes que a riqueza te torne ganancioso" (já não me lembro de quem o disse...)

O combate à pobreza é definitivamente um dos mais importantes desafios que sempre enfrentámos. E ele não é de hoje. Foi um desafio que, quer queiramos quer não, a Humanidade sempre soube perder.

Os “Objectivos do Milénio” (ou “Desafios do Milénio”), sob a égide da ONU, podem-nos, a nós, parecer extraordinariamente simples. "Reduzir para metade a população mundial que vive com menos de 1 dólar por dia até 2015" ou "Assegurar que todos os rapazes e raparigas completam a educação primária" podem-nos fazer sorrir. Mas é a medida da disparidade do Mundo em que vivemos.

Um Mundo em que, ao contrário daquilo que genericamente se pensa, o problema da fome não advém da falta de capacidade de produção (na realidade, esta até é excedentária), mas sim de um problema de distribuição. Um Mundo em que é economicisticamente mais proveitoso pagar a um médico formado e com experiência (por exemplo, do leste europeu) para trabalhar nas obras a carregar sacas de cimento (prejudicando assim a habilidade futura das suas mãos...) em lugar de o colocar a exercer medicina em locais sem assistência médica (por exemplo, na África subsariana). Um Mundo que, não nos iludamos, está muito longe da eficiência de Pareto de que tanto gostaríamos - sim, é ainda possível atingir pontos de maior eficiência económica sem maior gasto de recursos, é só uma questão da dinâmica da alocação dos mesmos.

É tudo uma questão de aproveitamento de recursos. É tudo uma questão de saber como gastá-los e de os gastar nas coisas certas. É uma questão de, enquanto estados, sabermos prescindir de algo para atingir qualquer coisa muito maior em troca. São os EUA trocarem uma parte do que gastam em armamento por projectos de desenvolvimento sustentável no mundo empobrecido, amenizando tensões económico-políticas. É a Europa aceitar uma economia baseada num sistema de comércio justo para com as economias em desenvolvimento, incitando acréscimo de valor junto da base dos recursos primários. É a coragem para estabelecer relações económicas que não passem pelo delapidar de riquezas e produtividade de um país para o enriquecimento de indivíduos, como o fazem os que jogam pela via da corrupção.

Mas é também uma questão de, enquanto indivíduos, seres humanos que primariamente somos, termos a coragem de nos comportarmos de forma diferente da que nos rodeia. É a coragem de procurarmos a felicidade e a satisfação pessoal, não através da acumulação de pequenos prazeres momentâneos (que está substancialmente provado que não trazem felicidade sustentável), mas pela construção de algo que fique indelevelmente no nosso coração – algo que, aconteça o que acontecer, vivamos os anos que vivamos, possamos sempre saber que foi a opção certa, que tenhamos orgulho de ter feito. Apoiar projectos responsáveis em países em vias de desenvolvimento que geram emprego e riqueza para as pessoas que lá vivem (há uns tempos vi uma reportagem fabulosa sobre um grupo de vizinhos norte-americanos que se juntou e mensalmente põem de lado dinheiro para criar um fundo de financiamento de um “banco dos pobres”, analisando as propostas que lhe chegam da Nicarágua, e decidindo como canalizar esse fundo tendo em conta a riqueza que vai criar para os indivíduos da zona que apoiam), ajudar crianças (ou adultos!) a aprender a ler ou a dar-lhes explicações de matematicamente (e acreditem, que, às vezes, temos depois aquelas surpresas que nos enchem a alma por anos e anos e anos), pressionar instituições (como governos) a fazer o que é correcto (como honrar o compromisso dos 0.7% do PIB inscrito nos Desafios do Milénio da ONU), no fundo, aprendermos a retribuir a extrema felicidade que tivemos por, sem nada termos feito por isso, termos nascido ‘deste lado’ – o lado que está neste momento a teorizar sobre a pobreza que nunca sentiu, num computador capaz de fazer milhões de cálculos por segundo, numa sala aquecida, com luz artificial, antes de cumprir o ritual do leite com chocolate antes de deitar…

Nós não pensamos nisso mas, sempre que fazemos algo para tornar melhor o Mundo em que vivemos, dando parte do nosso tempo, da nossa riqueza pessoal, daquilo que nós somos, fazendo aquilo que sabemos estar certos (e que temos consciência que vamos sempre saber que estava certo), estamos a tornar-nos mais felizes, estamos a melhorar a nossa própria vida sem muitas vezes termos consciência disso. Mas, e mais ainda, estamos a tornar melhor a vida de outras pessoas.

Por último (eu quando começo a escrever nunca mais paro, Filipa, não me devias ter desafiado a ler este post), há uns anos atrás li uma crónica de que nunca me esqueci. Um jornalista (salvo erro) português, que conheceu um rapaz indiano em Bombaim (ou Calcutá ou Deli?). O rapaz (menos de 10 anos) fazia biscates na rua e vivia disso. Por qualquer motivo, o jornalista achou-lhe piada e acabou por meter conversa com ele. E soube do seu grande sonho – ter uma caixa para engraxar sapatos só dele. Com uma caixa para engraxar sapatos, podia tratar dos sapatos de quem passava, podia ter o negócio dele e assim juntar algum dinheiro para sair dali. Era o seu sonho! Era o seu projecto de vida! Era para isso que procurava guardar dinheiro dos biscates que fazia. No final do dia, o jornalista, acabava por lhe dar o dinheiro para comprar uma caixa de engraxar sapatos. Para viver o seu sonho! E acabava a crónica dizendo “custou-me 10 contos. Foi esse o preço que paguei para me tornar o Deus de alguém”. Sempre que damos um pouco de nós (seja dinheiro ou tempo ou conhecimento) a alguém, desinteressadamente, para tornar a vida dessa pessoa melhor, no fundo é isso que acontece – por momentos, por breves instantes, roçamos a divindade, o poder de mudar a vida das pessoas.


Comentário ao post em http://pararparaviajar.blogspot.pt/2007/01/o-fim-da-pobreza.html

Medalha pessoal


Trabalha a tempo inteiro numa câmara municipal. Treina de manhã e à noite. Tem orgulho em ir aos Jogos Olímpicos por o que representam. Tem 34 anos. Participa nos 3000m obstáculos. Caiu na sua eliminatória quando liderava. Foi passada por toda a gente. Cerrou os dentes e recuperou até ao grupo da frente. Melhorou o seu recorde em 10 segundos. Foi qualificada para a final. Há quem tenha todo o direito do Mundo em sentir-se orgulhosa! Parabéns, Clarisse Cruz!