As crónicas do Lynx

Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!

quarta-feira, outubro 29, 2008

Cansado

Depois de 5 dias consecutivos de exercício físico intenso (ginásio, mais correr no fim-de-semana, mais futebol, mais vólei, mais...), confesso - estou todo partido!

terça-feira, outubro 28, 2008

Graffiti hunting no Bairro Alto


Porque não um Domingo diferente? Bem mais urbano do que a maioria dos meus. E num sítio fascinante, que não costumo ver à luz do dia.








Estacionei o carro junto às Amoreiras, no local onde habitualmente o deixo quando vou trabalhar, coloquei a máquina fotográfica a tiracolo e... desci a Rua das Amoreiras, direito ao Bairro Alto. É difícil encontrar um lugar assim (pelo menos em Portugal9, onde a decadência e a degradação estão lado a lado com a moda, ambientes in e gente bonita. É um lugar de diversão, mas também de inspiração e de expressão. E eu sabia que ia encontrar óptimos murais modernos e perenes!




Um bom graffiti é uma peça de arte. É uma expressão de criatividade urbana de alguém, que, assim, mostra o seu talento e sentimentos ao grande público, de uma forma que, sabe, tem mesmo a certeza, não durará para sempre. E, com uma mente aberta (nunca os confundam com vulgos escritos ordinários nas paredes, ou tags identificativos standardizados) embelezam fortemente a, muitas vezes, vulgar e cinzenta paisagem urbana.





Calcorriei, assim, as ruas empedradas do bairro, para cima e para baixo, de máquina fotográfica ao ombro e um mapa de uma intervenção urbana grafiteira na mão, que assinalava alguns graffitis de autor, recentemente pintados, andando uns metros, parando, focando, disparando a máquina na direcção de uma pintura numa parede, um homem pintando-a de branco e destruindo-se, um chimpanzé a suicidar-se com uma banana, um homem a reflectir na sua vida, um urinol falso pintado numa parede que deve servir de mijadouro não oficial.







Uma tarde diferente, a pensar e a sentir este ambiente urbano único, com cor, e arte e ideias e sentimentos de ontem, a entrarem-me pelos olhos, enquanto bebia sinais de um bairro com uma vida sui generis, com Metallica a sair de uma janela e uma discussão conjugal da próxima, um homem de chanatos a tentar apanhar a Vida quando sai apressadamente da porta da sua casa, onde estão dois miúdos a fumar chamón, três velhotes a beber vinho atrás de vinho às 4 da tarde numa tasca a sério enquanto discutem o jogo do Benfica que vai dar na TV à noite, com uma família de turistas espanhóis a comer numa esplanada bonita 2 ruas abaixo.


Digo-vos, foi uma grande tarde!

sexta-feira, outubro 17, 2008

Grupo Expedicionário ao Gerês

Bem, este post é só para expressar o meu agradecimento a quem me convidou a acompanhá-los no fim-de-semana do 5 de Outubro, ao Gerês. Para além da companhia e ajuda espectaculares, foi óptimo (mas não inesperado) perceber que a boa disposição e a descontracção imperavam no grupo.

MAntunes, ClCortez, MCA, PH, BTRodrigues, VSergios, Costa dos Lamas, Sagitario e Graça, Xinderella, Silvana e Drager, um grande muito obrigado! Acho que sem vocês, a viagem, para além de mais difícil, não teria metade da piada!

P.S- Na fotografia de baixo, tirada já depois da fenda, não estão presentes o Sagitário, a Graça e a Xinderella.
P.S2- Todas as fotos deste fds, são da autoria de um dos acima mencionados!

quinta-feira, outubro 16, 2008

A Fenda da Calcedónia








Dobrámos mais uma pedra grande e, de repente, a parede surgiu à nossa frente, bloqueando-nos a passagem para o cume, enquanto, no seu centro, estreita, enclausurada por dois portentosos rochedos, víamos a pequena passagem escura. O caminho da fenda começava ali.

Há algumas caches absolutamente míticas em Portugal. Daquelas que os que já lá foram falam sem cessar e outros sonham em ir lá, em experimentar o caminho, tentar procurá-la, encontrá-la. Significam sempre boas proezas contadas entre amigos, rodeados de imperiais, tremoços e gargalhadas, ou histórias que enchem uma noite de inverno recatada, com a família, com inconfidências sussurradas, olhares de admiração a crescerem à volta e sementes de novos sonhos a despontarem na cabeça de quem nos rodeia, um misto de vivência pelas palavras e emoção de quem conta e um abnegado “vou fazer o mesmo”.

Se a “Tou às Aranhas” de que falei no texto em baixo é uma delas, a “Fenda da Calcedónia” é, incontornavelmente, outra. Situa-se no Parque Natural da Peneda-Gerês, num cabeço enorme, de 1000 metros de altitude, uma visão assombrosa, crua, forte, inamovível, na paisagem. E com uma particularidade face a todos os outros cabeços em redor. Uma das vias para chegar ao cume, significa passar por dentro de uma fenda estreita pelo meio do maciço de granito, um autêntico buraco no meio do chão, pontuado por rochedos enormes que é preciso subir, contornar por baixo, trepar, para chegar lá acima, àquela estreita ranhura da qual se desprende alguma claridade, e que nos leva a meio caminho do topo do monte. Uma rota magnífica, da qual se emerge com uma força renovada para fazer os metros que faltam.

Tive a sorte de a fazer no Domingo, 5 de Outubro, com o resto do ‘grupo expedicionário’. Guiados por alguns de nós que já tinham estado (e um muito obrigado bem especial por terem querido repetir a experiência, privando-se de novos desafios), rapidamente, dobrámos mais uma pedra grande e ficámos frente a frente com o maciço granítico do topo do monte, impressionante pelo seu tamanho e, no qual, bem no meio, se abria a passagem para a fenda. Não foi uma progressão fácil, num ambiente semi-iluminado (não cheguei a precisar de ligar o frontal), em que trepávamos rochedos enormes que nos bloqueavam a passagem, erguendo continuamente os pés acima da cintura, umas vezes elevando-os, outras arrastando-os, com as mãos tacteando firmes pontos de apoio, numa fissura estreita, em que as pesadas mochilas com o almoço que carregávamos nos tolhiam os movimentos. Acho que todos nós agradecemos a companhia uns dos outros, a mão sempre pronta a puxar-nos ou a empurrar-nos para a frente, as palavras de ânimo e de aconselhamento. Chegar ao final da fenda, atravessar aquele raio de luz vindo directamente do céu, se foi uma sensação de emersão de novo para o Mundo, foi também uma experiência colectiva, mais um “conseguimos!” do que um “consegui!”. E, também por isso, soube muito bem.

Mas a saída da fenda é apenas meio caminho – faltava ainda trepar mais uns quantos metros entre blocos enormes, umas vezes saltando sobre o vazio de alguns metros, outras admirando o verde do vale lá em baixo, qual paisagem do Google Earth, agarrados a um qualquer apoio, outras testando a aderência das nossas botas (fui o único que levou ténis de montanha, os meus omnipresentes Salomon X-Raid), mas subindo sempre.

Quando chegámos ao topo, e depois de uns minutos de deslumbramento com o local incontornável e magnífico em que estávamos (acreditem, apesar de excelentes, as fotos não fazem jus à paisagem e sensação de “topo do Mundo” que sentíamos), seguiu-se a celebração. Um magnífico almoço, muito partilhado entre todos (fico sempre com a – real – sensação de que levo pouco para a partilha, tenho que tratar disso da próxima), com rissóis, chouriço, queijo e… Vinho do Porto (ah! Grande Silvana!), um momento de pausa e descontracção, de sensação de “estamos aqui todos e isto não podia ser melhor”!

E, claro, a cache!

domingo, outubro 12, 2008

No pico da Nevosa


O dia amanheceu azul. Bem azul e frio. Trocámos todos umas palavras, tirámos umas fotografias da praxe, ajustámos os bastões e as mochilas, e cada um de nós olhou em frente, para o caminho de calhaus que ali se iniciava e seguia ao longo do verde do vale, com a corrente do rio à esquerda, e a Nevosa e os Carris ao fundo, fora da nossa vista, apenas pressentidos no infinito. E, cada um de nós, a seu tempo, com uma inspiração mais ou menos longa, mais ou menos profunda, com os seus próprios pensamentos e reflexões guardados consigo, deu um passo em frente, pisando o caminho e ficando um passo mais próximo dos nossos objectivos desse dia.







Este foi o primeiro passo para um dia verdadeiramente magnífico. Um dia extraordinário em que, para além de ter a oportunidade de fazer algumas caches míticas, tive, sobretudo, a sorte de o fazer integrado num grupo expedicionário 5 estrelas – sob todos os aspectos.




O nosso principal objectivo era fazer a mítica "Tou às Aranhas", uma cache no pico da Nevosa, a cerca de 1560 metros de altitude, o cume mais alto do Gerês, e o mais alto de Portugal continental fora do maciço da Serra da Estrela. Um desafio bem interessante, que acabou por ser o ponto alto (verdadeiramente) de um grande percurso, com 30 kms de extensão, dividido entre 2 países - subimos por um vale em Portugal e descemos por outro em Espanha -, e com três caches pelo meio - para além da 'Tou às Aranhas', vale bem a pena mencionar a 'XXL Challenge' e a 'Mina das Sombras'.





Os primeiros quilometros do percurso levam-nos da Portela do Homem, subindo ao longo do vale do rio Homem, um percurso bem duro, em piso de cascalho rolado e solto pelo meio da vegetação, que era o principal acesso à mina do Carris, até meados do século XX. Este percurso (para o qual é necessária autorização expressa do Parque Nacional, devido à sua bio-fragilidade), desenvolve-se numa paisagem absolutamente verde e magnífica, enquadrada pelos dois pesados contra-fortes que marcam os bordos do vale, imponentes no seu castanho contrastante - e, disse-nos quem já lá tinha ido anteriormente, bastante mais seco do que o habitual.

O caminho conduzia-nos ao planalto onde estava instalada a mina dos Carris, uma exploração de volfrâmio que prosperou na Segunda Guerra Mundial, uma instalação sombria e abandonada, marcada por poços que conduziam às suas galerias mas, também, por uma aldeia fantasma, um monumento surreal e inesperado naquele fim do Mundo. Foi aí que encontrámos a 'XXL Challenge' e fizémos a primeira pausa alargada para descansarmos as pernas (foram 2 horas e meia sempre a subir em bom ritmo, num terreno difícil) e atacarmos os reabastecimentos. Pelo meio, ainda vimos uma 'manada' de garranos, a pastar num monte sobranceiro ao caminho, a mais de 1000 metros de altitude.




Depois foi o caminho em corta-mato até à Nevosa, pelo meio de mal-definidos carreiros, procurando o melhor caminho que minimizasse os efeitos da nossa passagem e nos levasse mais rápido e da forma menos cansativa lá acima, atravessando uma selada em altitude, com o vale de um lado a levar o olhar até Pitões das Júnias e mais adiante, até ao Marão, e, do outro, para as serranias galegas do Xurés. A vista, sob uma luminosidade pouco habitual, deleitava-se com o cenário magnífico, pontilhado, ainda, por mais garranos na paisagem, e pelo rochedo da Nevosa em fundo.


Atingir o topo de uma montanha como a Nevosa é uma sensação magnífica, sobretudo para alguém que, como eu, sofre de vertigens e luta por as ultrapassar. Aquele momento foi para mim muito especial. Aquele em que não havia mais terra por onde subir, mais nenhum degrau ou subida para vencer. Estava realmente no ponto mais alto de todos os arredores. Ali, no topo da Nevosa, rodeado de amigos que, de uma forma ou de outra, me ajudaram a ali chegar, podia realmente perceber o que estava do outro lado da montanha, podia ver todos os meandros em meu redor, extasiar-me com uma paisagem magnífica, encher os pulmões de um ar puro, livre e sem restrições. Tinha atingido o cume. E estava (e estou!!) muito feliz por isso. É que… vale mesmo a pena! Acho que é daquelas sensações que muito dificilmente podemos mesmo transmitir por palavras.

Depois, bom, depois foi abrir as mochilas e almoçar, enquanto o Paulo Henriques lia Miguel Torga (que esteve por diversas vezes aqui em cima, e que descreve profusamente a experiência) e iniciar a descida, que nos levou a passar pela esquerda do Altar dos Cabrões (outro pico famoso do Gerês), e descer para Espanha, para a 'Mina das Sombras', uma cache colocada dentro de uma galeria mineira, parente mais pequeno da Mina dos Carris - sempre, mas sempre, acompanhado pelas óptimas explicações geológicas do PH (isto, assim, é de um luxo!). Depois desta cache (onde encontrámos 2 geocachers que esperavam por nós, a Silvana e o Drager), seguiu-se uma caminhada de cerca de... 15 quilometros, praticamente planos, e em caminhos em bom estado. Só que a extensão e o adiantado da caminhada (ainda por cima, depois de uma quase directa de Lisboa), fizeram-nos chegar bem cansados ao final do percurso.

Mas, acreditem, a Nevosa, vale bem, mas mesmo muito bem a pena!

quinta-feira, outubro 02, 2008

Curso de escalada










Apertei o nó de oito já penteado e em seguida o de frade. Dei-lhe um esticão, garantindo a sua solidez, enquanto o Rui verificava que estava tudo seguro. Verifiquei se estava tudo ok com os aparelhos de segurança dele, e pedi autorização para começar. Voltei-me para a parede, olhei para cima, para o seu limite, coloquei a mão esquerda numa saliência forte sobre a minha cabeça e a direita um pouco acima do peito. Coloquei o pé esquerdo na parede acima do meu joelho e subi.

Um dos meus objectivos para este ano, expressos neste site, era voltar a escalar, voltar à minha senda de procurar ultrapassar as vertigens e dedicar-me a superar-me a trepar por paredes mais ou menos verticais, mais ou menos difíceis, procurando elevar os meus limites… e descobrir a vista de cima de cada um dos montes que vejo no horizonte. A oportunidade para o fazer surgiu com uma mensagem de geocacher amigo, o Rui, dono de uma loja online de material de aventura, escalador e antigo monitor no Rocódromo Econauta, a ‘chamar’ participantes para o primeiro curso de escalada da sua loja. Li a mensagem, enchi o peito de ar e… aceitei o desafio.

E foi assim que, na sexta-feira passada, às 20h, iniciei a parte teórica do curso de escalada, aprendendo durante todo o fim-de-semana, não só como subir paredes mas, sobretudo, como fazê-lo em segurança. Todo o curso teve uma estrutura que parecia que tinha sido feita à medida para mim, com forte envase na segurança, na forma de evitar acidentes, quais as suas noções básicas, como devemos escalar e, sobretudo, como não o devemos fazer.

E, depois, tivemos as paredes em si. Sábado foi dedicado à escalada em parede artificial. Primeiro, com uma manhã dedicada a bloco, escalando até alturas máximas de 3 metros no Parque da Pedra, de Monsanto. Um tipo de escalada de força explosiva, e de técnica pura, com alturas baixas e sem cordas de segurança, mas com o apoio de um segurador atrás do escalador (é isso que estou a fazer ali atrás…) e o acompanhamento de um crash-pad (um colchão de espuma, para amortecer uma possível queda no solo). E, à tarde, subindo as paredes de 10 metros da Mata de São Domingos de Benfica, já em escalada desportiva, com cordas, arneses, gri-gri ealguém, no outro lado de tudo isto, a assegurar que não vamos parar cá em baixo. Confesso que, na minha primeira tentativa, congelei – mas, na segunda, com a confiança que tenho no Rui (e isto é fundamental), cheguei lá acima! Um sonho! A primeira via de escalada desportiva que completava! Tinha superado as vertigens!

No Domingo, foi a vez de irmos para as paredes naturais de calcário de Bucelas, mesmo ali ao lado da CREL, por onde já passei tantas vezes. E, aí, foi o ‘sonho’ mais uma vez. Senti-me bem a escalar, descontraído, confiante, calmo, em controlo. A minha forma física também pareceu corresponder sem problemas, ajudando-me a ganhar confiança. E, por isso… foi excelente! Mesmo! E, agora, tenho imensa vontade de voltar a escalar o mais rapidamente possível!