As crónicas do Lynx

Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!

domingo, agosto 24, 2008

3 minutos por quilomentro

É isto que significa correr uma maratona em 2 horas, 6 minutos e qualquer coisa. Ou seja, correr 42 quilometros, a uma velocidade média de 20 kms por hora. Já o escrevi uma vez, mas volto a fazê-lo - é absolutamente impressionante!
De alguém que tem como objectivo cumprir os dez quilometros a uma velocidade de 5 minutos por quilometro, a minha profunda e sincera admiração!
P.S.- O recorde olímpico de Carlos Lopes, com 24 anos, estabelecido em Los Angeles, foi batido esta madrugada. Para um recorde durar tanto tempo, é porque foi uma prova realmente magnífica. Parabéns!

quinta-feira, agosto 21, 2008

Rocalva

Há nossa frente estendia-se um profundo vale de pedra e terra, pontilhado aqui e ali por alguns apontamentos de verde, amarelo e castanho. Do outro lado, após uma subida vertiginosa que começava no mais profundo do vale, desafiando as nossas forças e vontades, víamos o gigantesco penedo branco da Rocalva.


Os meus pés já estavam praticamente secos quando nos fizémos à subida que marcava o final da nossa ida à "My Blue Lagoon" e o início da nossa busca da Rocalva. O caminho, apesar de subir bastante inicialmente, rapidamente se revelou uma autêntica auto-estrada, de bom piso, que rasgava uma frondosa encosta verde de pinheiros, permitindo uma progressão rápida, procurando acautelar que fossemos surpreendidos pela noite no percurso que nos propunhamos fazer. Esta velocidade (e o adiantado da hora) acabaram por ter os seus efeitos no grupo, partindo-o em dois, entre aqueles que preferiam ir à frente e sonhavam almoçar rapidamente num dos prados do planalto, e aqueles que, à cautela, preferiam comer já lá em baixo, que isto nunca se sabe quando é a próxima paragem e assim até se fica com mais força para aquela subida.



Foi assim que, ficámos os 6 sózinhos lá em cima, à procura de uma mariola que nos indicasse o caminho certo, elas que, se realmente sinalizam um percurso, quais marcos de uma qualquer geira, pecam apenas por não nos indicar qual o destino final desse mesmo, deixando-o à nossa adivinhação e, como tal, à mercê de pequenos enganos que nos fizessem perder o Norte nos caminhos por onde seguíamos. Sem track para seguir (upps! Nenhum de nós o tinha e isso foi um erro), e vendo uma muralha de pedra à nossa frente, e sem mariola à frente que nos permitisse seguir, deixámo-nos tentar por procurar um caminho mais à direita, seguindo as marialvas que por ali apareciam. Na altura não sabíamos que, apesar de tal nos levar por caminhos de inegável beleza, também nos iria levar a fazer mais 6 kms que o caminho correcto e mais directo.






A beleza do terreno que percorríamos deixar-nos-ia sem fôlego, se não o tivéssemos já perdido a contornar e a subir aqueles penedos lá atrás. Enquanto contornávamos a montanha por uma encosta íngreme e pouco dada a percursos fáceis, podíamos contemplar um profundo vale em V, e a parede de pedra do outro lado. A setinha dos nossos GPS indicava-nos que, depois de várias centenas de metros sem uma aproximação real ao nosso objectivo, estávamos agora a seguir na sua direcção. Subindo na sua direcção. Contornávamos calhaus, desviávamo-nos de árvores isoladas queimadas por raios (também, ali sózinhas, àquela altitude, estavam à espera de quê?), saltávamos riachos e pequenos (mas profundos, certo Drager?) lagos, aproveitando aqui e ali para matarmos a sede sob o Sol pesado. Mas subindo sempre, sempre, na direcção da Rocalva, que devia estar já ali, seria só chegar ao topo daquela encosta, chegar à sua cumeada, ao planalto que depois estaria já ali e nos abriria um caminho bem mais fácil para percorrermos.


No topo da subida, estancámos. À nossa frente estendia-se um profundo vale de pedra e terra, pontilhado aqui e ali por alguns apontamentos de verde, amarelo e castanho. Do outro lado, após uma subida vertiginosa que começava no mais profundo do vale, desafiando as nossas forças e vontades, víamos o gigantesco penedo branco da Rocalva. Hesitámos. Acho que cada um de nós sentiu dentro de si qualquer coisa a vacilar. Um leve baixar de braços, um sentir o cansaço acumulado de tanto subir, contornar, tropeçar. Mas a vontade de lá chegar foi mais forte. Apesar de tudo, a rocha gigantesca estava à vista, já tínhamos andado tanto, sem esmorecer nunca, não seria agora que nos faltariam as forças, íamos lá chegar, a energia não nos deixaria, estava ali, algures à nossa frente uma caixa com um livrinho a chamar por nós. Foi uma decisão silenciosa que cada um de nós tomou naquele segundo em que ficámos perdidos com os nossos próprios pensamentos, sem comentários, piadolas ou reparos de qualquer dos membros do grupo. Íamos em frente!


Uma rápida conversa por telefone com o outro grupo confirmou o que já desconfiávamos. Apesar de terem saído atrás, tinham optado por um outro caminho e estavam agora em muito melhor posição que nós para o 'ataque' ao trecho final do percurso. Por outro lado, para nós, o melhor seria mesmo contornar o profundo vale à nossa frente, seguindo pelos caminhos da cumeada, até nos juntarmos a eles mais à frente. Procurámos os 6 os melhores caminhos, contornando sempre o vale, em busca daquela passagem, daquele trilho que, num passe súbito, nos mostrasse não um profundo abismo de ar à nossa frente, mas uma sólida travessia para a encosta em frente, a nossa porta para a Rocalva. O prémio de termos descoberto essa passagem, foi um esplendoroso panorama sobre o vale que nos parecia um obstáculo terrível, mas que agora valia pela sua beleza, revelando-nos os seus contornos. Mas valeu sobretudo pelo grupo que esperava por nós junto ao 'terceiro prado', depois de nos ter ajudado a superar o caminho que tínhamos feito. Neste prado, a água que corria de uma pequena bica foi também um precioso abastecimento para a minha garrafa já ressequida.

Faltava a rocha, o penedo que se erguia enorme e majestoso à nossa frente. Bastava-nos apenas algumas poucas centenas de metros para estarmos junto dele. No sopé. Em busca do nosso objectivo, da nossa caixinha. Depois… Gotcha!


quarta-feira, agosto 20, 2008

Saco cama

Melville, em Moby Dick, dizia que era um prazer difícil de explicar, estar na cama sentindo o nosso corpo quente debaixo dos lençóis e cobertores, enquanto a nossa cara sorvia o ar frio à volta. Eu, numa tenda em pleno Gerês, com 5 graus em Agosto, agradecia e bendizia o meu saco-cama, companheiro de tantas e tantas aventuras, que me permitia estar bem quente no meio daquele tempo inesperadamente frio e mau.

Há poucas coisas tão importantes para o conforto noturno de alguém que viaje quanto um bom saco-cama. Por definição algo quente, capaz de se adequar às temperaturas frias de inverno e dos espaços livres, mas também (e aqui concedo a palma, uma vez que o meu saco-cama é bem grande e pesado para trekking), leve e fácil de transportar. Mas... no último fim-de-semana, no Gerês (como muitas vezes antes) valeu cada grama.

domingo, agosto 10, 2008

Em busca da lança de Longinus no Parque da Pena

A lança de Longinus. O dardo que matou Cristo, na cruz, às mãos do centurião Longinus. Escondido pelos árabes ali, próximo do cume da serra, defronte a Sintra. No sítio onde depois construiram um convento e, séculos depois, um palácio. Indiana Jones teria estado aqui em sua busca, guiado por um velho manuscrito moçárabe. Agora, era a minha vez de tentar a minha sorte.


Isto é uma das coisas que eu gosto no geocaching. Uma boa cache pode ser construída de forma a colocar-nos no centro de um bom enredo, que depois vamos construindo a pouco e pouco. De certo modo, como se fossemos personagens numa história semi-alternativa (um pouco como os ARG que agora estão tanto na moda). E quando tal acontece num cenário fascinante, essa cache torna-se viciante.


Por isso, Sábado de manhã, lá deixei o carro em Sintra, ao pé da estação e, com a minha mochila, GPS, câmara e bastão, subi até lá acima, ao Parque da Pena, replicando uma caminhada que fiz há muitos anos (10??), e que considero como um marco pessoal na minha vontade de subir montanhas, ou envolver-me no meio da floresta. Nessa altura, como agora, a subida continua a ser fabulosa, coberta por árvores de porte avançado, seguindo a estrada estreita e serpenteante até lá acima, à entrada do Parque.


Conheço relativamente bem o parque, nomeadamente desde que, no ano passado, servi de 'testador' de um percurso de orientação que o CPOC estava lá a desenhar para uma prova do campeonato nacional. Assim, e apesar do fraco sinal do GPS, sabia para onde me dirigir, aproveitando para gozar do ar fresco e puro, e das incriveis paisagens que por vezes tinha ao virar da esquina, quer fosse a estátua do "Gigante" ou o panorama invejável do "Trono da Rainha". Tudo isto, acompanhado por uma atmosfera verdadeiramente única, quase mística, de mistério, em que o história da lança de Longinus caía tão bem.


Depois de encontrada a primeira cache, foi a altura de tentar desvendar o mistério que ela apresentava e procurar então a lança. E foi aqui que as coisas começaram a não correr tão bem. Não tenho a certeza se terei percebido o mistério e, como tal, se procurei nas coordenadas certas. Ou seja, não encontrei a lança. Ela continua lá em cima, algures, à minha espera.




Mas, o passeio pedestre de 15 kms pela Serra de Sintra e a busca a ele associado, esses, foram um autêntico prazer.

sábado, agosto 09, 2008

Primeira vez na Praia do Amado

"Rema, rema, rema, rema, a onda chega até ti, mas ainda não tens velocidade suficiente, por isso, rema, rema, põe-te em posição, primeiro pé ao nível do joelho, o outro agora à frente e levanta-te com o peso do rabo para trás". Ouvi esta sequência de palavras até à exaustão, ditas pelo Zé, o nosso professor naquela aula de iniciação ao surf. A aula estava a ser dada em inglês, uma vez que, dada a companhia com que estava, tinham-me incluído numa aula internacional, digno representante lusitano no meio de uma horde de alemães, italianos e letãs.

A teoria parecia ser fácil, mas sabíamos que quando tivéssemos que levar as gigantescas longboards com quase 3 metros para o oceano, as facilidades acabavam. Pelo meio, ainda tempo para um rápido aquecimento, uma corrida curta pela praia, contornando o primeiro nudista que vímos pela frente, que assim se viu confrontado com uma pequena multidão de 'têxteis' de neoprene invasores (em fatos que, diga-se eram bem apertados, parecia que o tecido me estava a tentar engolir), e uma sessão de carreirinhas, só para apanharmos o tempo de mergulho.

E depois é que foram elas, fomos para o mar - mas sempre só com água pelo peito - enquanto o Zé nos dava indicações. De início não estava a atinar com as ondas e a prancha. Ou me colocava muito num dos lados e depois ia torto até cair, ou pura e simplesmente não apanhava suficiente velocidade para a onda. Depois percebi! Estava a colocar-me muito para trás - na ânsia de dar mais velocidade, tinha caído num erro clássico, o de ajudar com os pés a remar, e estava a levantar muito o nariz da prancha, afundando-a (e posicionando-me mal para me levantar)! Problema corrigido! E aí vou eu!

Esta tarde a surfar foi uma grande diversão! Deu para brincar imenso nas ondas, a tentar perceber qual a que tinha mais força para a apanhar (a longboard perdoa bem mais que uma prancha clássica...), a remar e a mergulhar para as apanhar no momento certo, a tentar dar velocidade suficiente para me levantar. Fiquei fã? Não sei, não...

sexta-feira, agosto 08, 2008

Correr no Sudoeste

Acordar de manhãzinha, correr pela fresca apesar do calor que obriga a tirar a t-shirt, mal vendo vivalma, pelas falésias, atravessando renques de floresta, culminando com um mergulho na piscina, e num pequeno-almoço em grupo, antes da praia.

Sabe bem...