As crónicas do Lynx

Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!

sábado, novembro 30, 2013

100Ks


Pessoas à minha volta. Prédios. O passeio sob os meus passos. O relógio apita. Sorrio. Um eléctrico toca a campainha exactamente ao mesmo tempo que levanto os braços, numa manifestação pessoal de vitória. Hoje, naquele momento, no centro de Roterdão, finalmente, quebrava a barreira dos 100 quilómetros de corrida num mês!

Não era a primeira vez que o tentava. Na realidade, desde Agosto (em que fiz 96Ks) que o tenho como objectivo. Mas, a mudança para Roterdão em Setembro e, depois, uma lesão no final de Outubro (quando achava que já estava bastante bem encaminhado para atingir o meu objectivo) deixaram-me sempre a (largos) quilómetros do triplo dígito. Mas este foi o mês!

Na realidade, nem pensava que o conseguisse. A referida lesão que tive em Outubro levou-me a estar parado no início do mês, correndo pouco, sempre em testes. Apenas há 2 semanas voltei a correr 10 quilómetros num dia - e isso indicia logo que este triplo dígito foi conseguido à custa de correr quase 60 quilómetros em 15 dias, o que está longe daquilo que quero. Mas, como me fui sentindo bem depois da lesão, fui ganhando a confiança para continuar com este ritmo.

O triplo dígito é importante - sobretudo com o susto de ter voltado a ver aparecer a minha antiga lesão no joelho esquerdo. Esse reaparecimento volta a lembrar-me que não me posso descuidar, e que tenho que continuar a fazer os meus exercícios básicos de fortalecimento dos joelhos. Até porque o triplo dígito num mês (que quero repetir em Dezembro) dá-me confiança para começar a alterar o meu perfil de corridas semanais, para duas mais curtas e uma de longa distância, com mais de 15 quilómetros. Para quê? Porque, o meu objectivo, é participar na Maratona de Roterdão em Abril. A ver vamos...

terça-feira, novembro 26, 2013

Kop van Zuid


Uma das primeiras coisas que me impressionou da primeira vez que cheguei a Roterdão foi a modernidade dos edifícios. Os bombardeamentos alemães e aliados da Segunda Guerra Mundial reduziram a cidade a escombros (sobreviveram parte de uma igreja, parte da Câmara Municipal e uma casa...) e, por isso, obrigaram à reconstrução integral da cidade que era (e é) o maior porto da Europa - e essa reconstrução começou a partir de uma folha em branco...

É por isso que a cidade é hoje uma ode ao aço, betão e vidro, pejada de pequenos arranha-céus que a muitos fazem lembrar Manhattan - e a mim recordam-me as cidades do Extremo Oriente, se bem que numa escala bem mais pequena. E apesar do Hotel Manhattan, a estação central de comboios e toda a avenida Weeena sejam um bom exemplo do que disse, na realidade, nada o representa melhor do que a zona de Kop van Zuid, do outro lado da Erasmusbrug - ainda para mais, com todo o simbolismo de ter sido a zona de onde partia a carreira regular de cruzeiro entre Roterdão e Nova York, feita pelo saudoso SS Rotterdam, ancorado agora como hotel e centro de congressos noutra parte da cidade. É uma área de aço leve, arquitectura imponente de grandes nomes e torres gigantescas. Vivemos lá um mês, num apartamento na maior torre residencial da Holanda (e que viemos depois a saber que foi desenhada pelo Siza Vieira) e gostámos - tem bons restaurantes (para muitos gostos - não todos), um bom centro cultural com cinema e acontecimentos variados, museus, um excelente teatro e vistas deslumbrantes. Está, literalmente, no meio da água - e, a correr, dá para fazer uns percursos bem giros. Aliás, está tão no meio da água que ainda hoje é o terminal de cruzeiros da cidade, e, um belo dia, espreitámos pela janela e tínhamos um barco de 12 andares de altura à nossa frente - o que é uma sensação bem diferente. Com o tempo começámos a ter os nossos locais preferidos - o brunch ao Domingo no cafézinho acabado de abrir do outro lado do RijnHaven, a feijoada brasileira de Sábado no Maria Bonita, ir a pé para o escritório admirando o acordar da cidade na Erasmusbrug,... Enfim, gostámos tanto que, quando tivémos que sair do apartamento temporário (era só por um mês), mudámos para o outro lado da rua, ainda no Kop van Zuid, perto de tudo o que tínhamos gostado (mas já não na torre do Siza Vieira). E, foi assim que, no meio do tal aço frio, vidro alto e canhões urbanos, uma cidade fria, começou a ter um cheiro especial a algo semelhante a casa...

Se quiserem ler um pouco sobre o Kop van Zuid (se bem que numa perspectiva um pouco diferente do que está acima), podem ir a http://www.theguardian.com/artanddesign/2013/nov/18/rem-koolhaas-de-rotterdam-building . O edifício acabou (literalmente) de ser construído! E obrigado, Joaquim, pelo artigo!

"O da Águia"


Raras vezes li uma reportagem que transparecesse de forma tão nítida o amor de um homem pela natureza e por uma espécie. Ao Miguel Dantas da Gama, um grande abraço!


domingo, novembro 24, 2013

Bel

Telefonar, em holandes, e "bel". E e fabuloso encontrar assim, de repente, resquícios do passado que entraram no nosso quotidiano. Que melhor forma de dizer "telefonar" do que referirmo-nos ao homem que terá sido o grande responsável pelo sucesso do telefone - alexander graham bell? E, assim, como quem não quer a coisa, a palavra foi introduzida no léxico diário dos holandeses e por lá terá ficado, muito depois da maioria das pessoas se ter esquecido de que foi o senhor bel. Eu acho extraordinária, esta ligação de palavras, que transportam para um passado já esquecido.


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sábado, novembro 23, 2013

Sol

Aqui, em Roterdão, o Sol não sobe, neste Outono frio. A temperatura não sobe acima dos 5 graus. E toda a gente diz que isto não é nada - ainda não é Inverno e não há neve no chão.

segunda-feira, novembro 18, 2013

Um sonho antigo

Ir para o escritório de bicicleta (e fazê-lo regularmente) era um sonho antigo. Representava a possibilidade de fazer exercício aproveitando o fluir natural do meu dia, reduzir a minha pegada ecológica e chegar ao escritório com um sorriso na cara.

E foi o que comecei a fazer desde a semana passada! Com um grande sorriso nos lábios!




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terça-feira, novembro 12, 2013

Sobre sapatilhas e a sua duração

Foi durante o meu treino mais longo dos últimos meses que comecei a sentir que algo não estava bem. Estava a correr 16ks, e comecei a sentir uma dorzinha no joelho por volta do quilómetro 14. Mais forte e diferente do que o habitual. “Não bom”, como costumo dizer.

Os treinos que realizei nos dias a seguir confirmaram os meus receios – e, acabaram por, muitos deles, serem mais pequenos testes para perceber o que se passava. Acabei por realizar corridas curtas, com menos de 6 ks e com alguma dor – e não valia a pena forçar, aprendi isso há muito tempo. Por isso, decidi parar por uns tempos, com um ou outro pequeno teste pelo meio, ao mesmo tempo que voltava a fazer os meus exercícios de pesos para fortalecimento do joelho.

E fiz também o mais importante. Mudei de ténis no último teste que fiz. Usei as sapatilhas de “emergência” que comprei em Chicago há alguns anos atrás, quando me perderam a mala e queria correr na neve. Têm poucos quilómetros e são bem confortáveis – e acabaram por me elucidar sobre o que aconteceu para a minha lesão crónica ter voltado a aparecer.

A verdade é que todas as sapatilhas têm uma validade, um limite. Ao fim de alguns quilómetros a suportar batidas constantes de 74 quilos, a estrutura da sola perde capacidade de absorção e transmite as pancadas directamente para a perna em vez de as absorver. E são essas pancadas constantes que desgastam o meu joelho, já com muitas acelerações e travagens em cima, do tempo em que jogava ténis frequentemente.

Normalmente, a maioria das sapatilhas terá uma vida útil de cerca de 500 / 600 quilómetros – há quem aponte para mais, se bem que, eu, pela via das dúvidas, fique sempre por este limite. E era com esse com que contava para as minhas últimas Nike – um modelo fashion que me ofereceram em Março. Só que, um modelo com uma estrutura bem mais macia e leve – e, acredito agora, um limite bem menor. Desde que os comecei a usar deverei ter realizado entre 300 a 400Ks – mas acredito que chegaram ao seu máximo, a sua capacidade amortecedora chegou ao fim.


Por isso, a solução, que já coloquei em prática ontem, foi voltar a correr com as minhas sapatilhas de Chicago (ainda devem ter mais uns 300 ou 400 quilómetros nelas) e encomendar novos ténis. E ter sempre na minha cabeça a quilometragem acumulada que estou a fazer. Tem que ser – é uma questão de saúde.