As crónicas do Lynx

Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!

segunda-feira, julho 30, 2007

40º e a pedalar na Ota

Pois, foi assim a minha manhã de Domingo...

Fui convidado (eu e muitos outros) para treinar nos mesmos percursos que a selecção nacional de ori-BTT e, claro, tinha que ir! Pelo meio ainda consegui arrastar o Tiago Lemos para vir comigo - coitado, nem sabia no que se ia meter! Com 40º de temperatura, pedalar no meio do campo, sem muita sombra, pode ser um verdadeiro suplício, um teste bem durinho - e que bem serviu para percebermos o nosso nível físico, se queremos mesmo fazer ' o teste'!

Já agora, alguns conselhos rápidos para o exercício físico com meteorologias bem quentes:

- Aclimatação! Nem pensar que, se forem de viagem para um país consideravelmente mais quente do que aquele de onde sairam, é sair do avião e começar a correr como habitualmente. Para atletas de alta competição, um mínimo de 10-14 dias de exercícios progressivos em condições de calor é aconselhável para que o corpo se vá adaptando gradualmente às novas condições (afinando a transpiração, a respiração, a quantidade de sangue!!!);

- Hidratação! É escusado dizer, certo? Levar muita água, mas evitar o choque térmico - nada de começar a beber água gelada a meio do esforço físico, ok?

- 'Mineralização'! Pois é! Já alguma vez pensaram que, enquanto estão a fazer exercício físico, podem estar a perder mais do que apenas água e minerais indesejados, via transpiração? É que, quando um ingrediente chamado sódio caí para níveis muito baixos no sangue, as coisas podem ficar mesmo complicadas. O sódio é um mineral com um papel crucial no metabolismo celular e o seu equilíbrio no corpo é crucial para as nossas capacidades. Em desportos de endurance, isso pode acontecer via 2 processos: a transpiração faz-nos perder sódio; e, a ingestão de grandes quantidades de água desmineralizada pode baixar a concentração de sódio no plasma sanguíneo (via 'diluição'). Se isto acontecer, os resultados podem ser nefastos (lembram-se daquele rapaz de 22 anos que colapsou e morreu no final da Maratona de Londres deste ano? Foi isto o que lhe aconteceu). Por isso, se possível, levem algo que 'se coma' (costuma conter sódio) ou, alternativamente, uma bebida isotónica, que hidrata e contém os minerais necessários à manutenção do nosso equilíbrio fisico em esforços de longa duração.

- Protecção! Calor, normalmente, = sol! É aconselhável usar um protector solar nas áreas mais expostas, nomeadamente cara e braços.

- Simplificação! Pouco peso e, no caso de levarem uma mochila às costas, que assegure uma boa ventilação e transpiração. O peso porque, cada um daqueles 100 gramas de coisas absolutamente inúteis, vos vai pesar como chumbo na terceira subida sob um Sol escaldante, a ventilação, enfim, nem é preciso dizer certo? Temos que assegurar o arrefecimento corporal da melhor maneira possível!

- Dois dedos de testa! Tentei chamar-lhe qualquer coisa acabada em 'ão', mas não consegui. Basicamente, se estiver demasiado calor, assegurem-se se querem mesmo ir fazer esse esforço. Se passarem por uma lagoa / rio convidativos, entrem devagarinho para diminuir a probabilidade de choque térmico. Calor normalmente significa um risco acrescido de incêndios, portanto muito cuidado se estiverem a treinar / dar uma volta na floresta. And so on...

Have fun! (e refresquem-se!)

domingo, julho 22, 2007

Parque da Pena

No final de Setembro, o CPOC vai organizar a primeira prova da Taça de Portugal de Orientação da época 2007 / 2008. E, um dos dias, vai ter uma prova absolutamente espectacular - orientação no Parque da Pena, em Sintra!

Como me ofereci para ajudar na organização da prova (estar num clube é 'receber', mas também tem que ser 'dar'), foi-me dada a possibilidade de, hoje de manhã, participar nos testes de percurso, destinados a afinar os mapas, os percursos, se estão muito longos, se os pontos võa ficar bem marcados,... E, deixem-me dizer-vos uma coisa, apesar de bem durinho, é um espectáculo correr no pico mais elevado da Serra de Sintra, um local construido pelo neo-romantismo do século XIX, pelo meio de jardins frondosos de faias e pinheiros, com casas apalaçadas e capelas arabescas pelo meio, com a água a passar sob os nossos pés numa ponte quase-élfica, enquanto se encaminha vagarosamente para um lago, com patos, cisnes e turistas de máquina em punho. E, depois, de repente, ao dobrar um grande monolito granítico, deparar com uma vista assombrosa, de cortar a respiração, de um palácio alucinante, enquadrado pela várzea de Colares, os pinhais do Mucifal, as areias da Praia das Maçãs e as falésias da Ericiera a perder de vista, com outro palácio magnífico (o de Mafra) a espreitar com a sua monumentalidade em fundo!

Alucinante!

domingo, julho 15, 2007

Como é possível???

No dia 17 de Junho, foi dia de uma das actividades tradicionais do grupo geocacher português - o CITO. Cache In Trash Out, são as palavras que se escondem por detrás do acrónimo e, no fundo, o que dizem é que, se queremos continuar a usufruir de um Mundo extraordinário como palco das nossas aventuras, temos que, nem que seja só de vez em quando, estar dispostos a ajudá-lo a reparar o mal que, enquanto civilização, nele fazemos, limpando o lixo de uma dentro área, normalmente, parte integrante de uma reserva natural. O primeiro CITO em Portugal foi em 2004, na Granja dos Serrões, Sintra, o segundona Gruta de Santa Margarida, na Serra da Arrábida, o terceiro" em 2006, na Lagoa Azul, em Sintra.






Este ano, o CITO foi no Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros, ao longo de uma Pequena Rota, a PR da Valicosa, a poucos quilometros de Porto de Mós. Mais uma vez, um eevnto muito bem organizado, que contou mesmo com a presença de elementos do PNSAC para nos dar o apoio necessário. E bem que precisámos dele porque, pela primeira vez... não conseguimos acabar a tarefa!!!




Na realidade, acho inacreditável como é possível! Estamos num parque natural, num local realmente lindíssimo, fortemente arborizado, com pontos de elevado interesse e beleza geológica (basta dizer que o percurso segue ao longo de um rio que vai aparecendo e desaparecendo ao longo do leito calcário!) , num percurso pedestre assinalado, e, no entanto, encontrámos um cenário verdadeiramente dantesco! Nos primeiros metros, praticamente não apanhámos lixo, e pensávamos (eu pensava) que, se calhar, tinha sido uma viagem em vão, mas, quando nos aproximámos do local onde a PR se aproxima da estrada nacional para a atravessar e continuar caminho...


Eu acalentava o velho sonho de, numa destas acções, encontrar e levar para o lixo um frigorífico. Cumprido! Bem como duas máquinas de lavar, vários sofás, incontáveis pneus, um volante, dezenas de bidons de ferro carregados do mais variado lixo, milhares de garrafas, arames, dois cães mortos (pobres bichos), baterias de automóveis,... O lixo encontrado foi tanto que conseguimos improvisar um 'carro' e esgotámos a capacidade de transporte - ficámos sem sacos de plástico pretos! Ainda conseguimos transportar mais umas valentes dezenas de quilos com o auxílio dos... bidons de ferro que lá tinham sido despejados mas, a partir de certa altura, estes já se desfaziam nas nossas luvas...

Como é que é possível que, num país cheio de gente supostamente civilizada, em que há lixeiras regulamentadas, serviços municipalizados de recolha de lixo e 'monstros', informação sobre o que fazer com os detritos e os seus perigos, se despejem toneladas (porque foi isso o que encontrámos!) de lixo numa curva de uma estrada que atravessa um parque natural? E não me venham dizer que a culpa é das autoridades, porque a forma como tratamos o nosso lixo começa em cada um de nós!

P.S.- Fotos de geocachers envolvidos no CITO