Correr em Las Vegas

As duas faces, a da Luz e a da Sombra. Comecei pela da Sombra, correndo em ruas direitas sem memória nem história, que não a dos sem-abrigos que dormiam encostados a muretes, que controlavam os seus cruzamentos, que não a de lojas semi-abandonadas de aspecto sujo, das casas mal cuidadas por falta de dinheiro (e, apenas nalguns casos, de vontade. Pelo cheiro, a ser humano que não (pode e não) toma banho, a marijuana, a abandono.

E a da Luz, do famoso Strip que se vê à distância, do plástico e gesso que dá bom aspecto mas é falso. Mas que cor que é correr no meio dos casinos, rodeado de gente (e alguma até a correr também!), passar pelo MGM, Bellagio, Caesar's Palace, Wynn, sentir as luzes mesmo que apagadas num Domingo de manhã cedo. Subir os viadutos que de casino em casino atravessam as ruas.

Soube bem correr num sítio novo, voltar a conhecer uma cidade pela corrida. 

Covão da Ametade

A Carolina já não se lembrava da neve - já tinha sido há tanto tempo, em Roterdão. Por isso, viemos este fim de semana à Serra da Estrela, essa portucalidade pontuada de branco ocasional.

Mas, tanto como tempo que passámos a fazer bonecos de neve e a andar de tobogã (obrigado à simpática família que o emprestou por uns minutos), o Covão da Ametade marcou a Carolina. Chamou-lhe uma floresta mágica. Saltou canais de água, atravessou o Zêzere, subiu e desceu com o Pai e a Mãe, recolheu neve para a Professora e os amigos. Foi feliz, num lugar encantado. E eu, vi-me nos olhos dela há 40 anos. Que lugar e memórias mágicas.

De volta à orientação

Provavelmente, o título que mais vezes já escrevi neste blog. E que, mais uma vez, se concretizou e escrevo. Afinal, um treino no Parque Eduardo VII, num Sábado à tarde, organizado pelo CPOC, afigurava-se irresistível.

A única questão foi que... como qualquer organização do CPOC, desatou a chover. É sempre assim, nem vale a pena contrariar. Pode estar a maior seca que, assim que o CPOC instala os pontos de orientação, começa a chover. Acho que valia a pena procurarmos um patrocínio do Ministério da Agricultura, porque, realmente,..

Mas... foi bom. Não! Na verdade, foi muito bom! Estava com saudades, física e mentalmente a precisar de "jogar xadrez enquanto corria". E, por isso, quando arranquei de mapa na mão do topo do parque, em busca do primeiro ponto, uma pequena euforia apoderou-se de mim. Olhar para o mapa, calcular o percurso, correr, procurar e encontrar o ponto, picar, repetir, consecutivamente. Azimutes curtos e fáceis, caminhos que conhecia, mas recantos que desconhecia, mesmo no centro de Lisboa. Erros, poucos ou mesmo nenhuns. O meu corpo foi voltando a habituar-se ao ritmo, de aceleração, velocidade de cruzeiro por pouco tempo, obstáculos, velocidade mais lenta à procura do ponto, e depois mais rápido quando o via, parar para picar, mapa, arrancar.

Que bom! Adorei! Sinto que vou recomeçar.

45

Que amanhecer fantástico. Que ano fabuloso o que passou e o que aí vem. O que passou, cheio de pequenas vitórias, de recuos, de aprendizagem, de humildade. O que aí vem, cheio de promessas.

Que tempo bom tenho tido. Obrigado JK, CK, João, Pai e Mãe, Avós e Avôs, gatos, cão, amigos. Venham mais!