Branco
A caminho de Chicago. Será que vai dar para correr, procurar caches, tirar fotografias - ou será uma luta constante contra o ponto de congelação?
-- enviado de dispositivo móvel
Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!
A caminho de Chicago. Será que vai dar para correr, procurar caches, tirar fotografias - ou será uma luta constante contra o ponto de congelação?
O nascer do Sol, a 12000 metros de altitude e sempre um espectáculo inolvidável! No inicio, a escuridão total, o negrume absoluto. Depois, um vislumbre, uma promessa de claridade ténue no horizonte, cada vez mais rosada, cada vez mais luminosa. Ate que a promessa deixa de ser confundivel, qualquer engano e impossível, quando o horizonte explode numa linha vermelha de fogo e se passa subitamente para a luz, apadrinhada por aquele grande globo laranja!
Será que ainda vou ter tempo para fazer uma cache branca em Londres, nestes dias?
Olharam para os seus pés. Levantaram os olhos e absorveram a planície. Para onde quer que olhassem, a terra estava queimada. Castanha, preta, o fumo a elevar-se de mansinho para o céu azul, com reflexos de vermelho a seus pés. Nada se poderia fazer dali. Nada se poderia plantar naquela terra que não morresse. E, por isso, estavam condenados. Condenados por um rio quente, uma água escaldante que corria no seu leito e se estendia a todo o redor, sufocando toda a Vida nas suas margens e ainda mais além. Condenando-os a viver uma Vida de fome e miséria ali ou a fugirem com todos os seus haveres para bem longe. E assim se passava aquela tarde de discussão pesada, em que cada homem e mulher sopesava o que fazer - o apego à sua terra ou a desgraça. Não era uma escolha fácil.
Até que, por fim, um rapazinho mexeu-se daquela conversa adulta e pesada, daqueles pensamentos e palavras que queimavam o coração mais que a terra que todos os dias pisavam. E, com um passo de mansinho mas decidido, acercou-se do seu frigorífico. Tirou todo o gelo que lá tinha e, enchendo um saco, levou-o para o rio, a montante dos campos. Com um estrondo baixo o gelo embateu na água quente do rio, e com um silvo agudo logo derreteu e desapareceu.
- "Hei! O que estás a fazer? Não percebeste que assim não vais conseguir nada?"
- "Eu? Eu estou só a fazer a minha parte!"
E todos os homens e mulheres sentados naquela roda, sobre a terra escura e ressequida, olharam nos olhos uns dos outros. Olharam nos olhos do rio quente. Olharam nos olhos do rapazinho que voltava a caminhar para o frigorífico para voltar a recomeçar tudo de novo. Olharam nos seus próprios olhos. E perceberam. E num impulso único, todos se levantaram de um salto e caminharam na direcção da sua casa, do seu frigorífico, do seu gelo. E da sua salvação.
E foi assim que o "Rio Frio" ganhou o seu nome. E eles ganharam o seu sustento. Todos. Porque todos fizeram a sua parte.
http://www.geocaching.com/seek/cache_details.aspx?guid=2fab98e3-ba60-4c31-a1ff-8cae02bceba2