As crónicas do Lynx

Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!

sábado, dezembro 29, 2007

Desabafo!

Sempre que vêm as primeiras chuvas a sério é a mesma coisa. Os rios e ribeiros enchem-se de água e o lixo que as pessoas para lá despejaram durante o Verão vem ao de cima, acumula-se e torna-se mais visível!

domingo, dezembro 23, 2007

De volta a Sintra

Dobrei a curva na estrada de saibro e o vale abriu-se à minha frente. As árvores cresciam em ambas as encostas, colorindo de verde todo o cenário. A estrada em que seguia descia suavemente pela encosta poente, abrindo caminho pela floresta e acompanhando as curvas do relevo. Mais à frente, um grande lago acrescentava uma tonalidade azul que rivalizava com o céu límpido e, ao fundo, as torres de Cascais contrastavam com o mar à sua beira.

Ontem, apesar de uma constipação verdadeiramente brutal, fui testar um dos percursos para a prova que o CPOC está a organizar do Campeonato Nacional de Orientação em BTT, na Serra de Sintra. Tinha que ser! Mesmo constipado e com apenas 4 horas de sono em cima (estive com os meus trainees da Unilever! Vale pelo Mundo!) , tinha que o fazer - já não andava de BTT em Sintra há demasiado tempo, e é sempre espectacular!
Este treino deu-me a oportunidade de descobrir caminhos e estradas em áreas que não conhecia (sim, ainda existem), ver novas paisagens, marcar trilhos novos no meu 'mapa' e voltar a respirar o ar de Sintra! Ficaram definitivamente na minha cabeça os estradões rápidos e em bom estado da zona da Pedra Amarela até à encosta do Rio da Mula, a barragem com muito menos água do que o habitual, a alegria de voltar a pedalar no Pisão, os 'bons-dias' de tantos bttistas e caminheiros que se aventuravam pela serra...

Sintra continua a ser um grande parque de diversões natural. Preservem-no! Eu, por mim, vou continuar a fazê-lo e a envolver-me em actividades que o dão a conhecer e o valorizam. E a pedalar, orientar, fotografar e escalar nessa magnífica serra que adoro desde que nasci!

sábado, dezembro 22, 2007

Fazer de toupeira












Depressa. Muito depressa. Era assim que cortava a manhã fria de Domingo (1º!!), atravessando a Península de Setúbal. Rumo? Serra da Arrábida. Destino? Gruta do Médico.

Esta foi a terceira vez que vim à Gruta do Médico, uma cavidade com 3 salas que salas que se desenvolve por baixo da falésia que forma o limite norte da Mata do Solitário, junto à estrada do Portinho da Arrábida. Cada uma das 2 vezes anteriores foi um misto de aventura e de descoberta, e esta vez não ficou atrás de nenhuma das outras.



Cá fora

Percorrer esta gruta envolve uma actividade de espeleologia de nível 1, ou seja, não é necessário o recurso a cordas nem a especiais medidas de segurança. Apenas o capacete, o frontal (e, eventualmente, se não fossemos tantos com lanternas, uma outra suplente) e boa companhia capaz de nos dar o apoio necessário. Íamos também com mais 3 pessoas com conhecimentos bem mais vastos que os meus em espeleologia, capazes de nos dar o enquadramento histórico do local e, sobretudo, técnico do que deveríamos fazer.
Passar o estreito buraco inicial que dá início à gruta é entrar num novo Mundo. Um em que a sombra reina entre estreitas paredes de pedra, rasgadas apenas pelos leds dos frontais. Em que a progressão (e temos a sorte desta gruta ser já fóssil, ou seja, a sua formação já terminou, razão pela qual a água não abunda lá em baixo, o que nos proporciona um solo duro e consistente) tem que ser feita muitas vezes de gatas, outras deitado, espremendo-nos por um buraco estreito, com os pés permanentemente em busca de apoio. Para alguns, é o momento de perceberem que têm um medo profundo, irracional e implacável que lhs tolda o discernimento, impede a calma e os enche de um terror que grita "Quero ir para o Sol!". Quem sofre de claustrofobia rapidamente percebe se é ou não capaz de se controlar mas, o escuro, os tectos baixos e as paredes próximas costumam levar a melhor! Eu (que sofro de vertigens, e já chega!) estou nas minhas sete quintas!
E, esta gruta, que eu conheci via geocaching (está lá em baixo a cache "Six Feet Under", do PCardoso, uma das mais antigas e ainda das mais interessantes em Portugal) acaba por ter sobejos pontos de interesse entre estactites, estalagmites, colunas e obstáculos de progressão desafiantes (e que me permitiram conferir que, afinal, nem estou assim tão gordo), como a 'Nascer de Novo' e o 'Buraco da Agulha'.

Equilibrismo


Escuridão



A nascer outra vez



Já está! Já nasci!

sábado, dezembro 15, 2007

Vou virar as costas à orientação...


... mas só durante a pausa natalícia! Daqui a um mês, volto à actividade, mas do lado organizativo, integrado na equipa da prova de ori-btt do CPOC em Sintra, e, depois, vou fazer as duas provas no Parque Natural do Alvão, em Trás-os -Montes - vai ser giro!
Entretanto, vamos vendo o que vai aparecendo!

sábado, dezembro 08, 2007

Greenshades

A equipa Greenshades foi uma das primeiras equipas de geocaching em Portugal, tendo deixado de 'aparecer' um pouco antes de eu ter comprado um GPS e me ter dedicado a este jogo. No entanto, as caches magníficas que deixaram, e o seu desaparecimento súbito, elevam-nos ao estatuto de lendas.

Isto porque, cada uma das caches deles, e estão bem espalhadas por todo o Portugal, é realmente um pequeno tesouro. Costumam estar situadas em locais de uma beleza impressionate e tremendamente remota, daqueles que para lá chegar tem realmente que se viver uma pequena aventura, percorrer longos caminhos de quilometros a pé, muitas vezes em pisos complicados, mas que, depois de lá chegar, temos um baque, uma sensação de absoluto e total extâse! São deles algumas das minhas caches preferidas, como a "Jewel of Saphire" numa aldeia abandonada no meio do Alentejo, a "Far Away, So Close", aninhada no topo da falésia Norte das Portas de Rodão, com os abutres a voarem abaixo de nós, ou a "The Lonely Lookout", impressionante cache numa falésia logo a Sul do Cabo da Roca! É por causa de caches assim que eu continuo a fazer geocaching!

Mas, a sua saída de cena, e as caches que nos deixaram, acabam por torná-los uma lenda. Como se, há muito tempo atrás, um ente misterioso tivesse colocado caches em locais magníficos, para que todos os geocachers pudessem conhecer e maravilhar-se com esses sítios e, depois, se retirassem de cena, ficando a apreciar o que nós, comuns mortais, faríamos com as suas caches.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Espírito


Caminho de terra batida. Rodeado pelo verde da floresta. A pedalar. Sempre. Curva após curva, após subida, após descida. De repente, outra pessoa vestida como eu. Capacete na cabeça, mochila às costas. Uma coisa difere. A bicicleta pelo chão.

Abrandar. Olhar. Perguntar. "Tudo bem?". Esperar pela resposta. Pelo "Tudo ok! Segue!". Esperar que não seja um "Caí e magoei-me!". Quando muito um "Tenho um furo. Tens bomba?". E então parar. Parar para ajudar. Para ver se ele se magoou e precisa de ajuda, ou simplesmente desmontar, tirar a bomba da mochila e começar a encher o pneu. Ou parar alguém que tenha um remendo ou mousse anti-furo.

Mas parar. Sempre. Porque hoje foi ele mas, um dia, seremos nós.

Na última prova de BTT em Vila Nova da Barquinha, parei nos dois dias. Para ajudar concorrentes que tinham furado. Assim como, há cerca de um ano, pararam para me perguntar se estava tudo bem, quando dei uma valente queda numa vala no Cabo Espichel (fui demasiado optimista a enfrentar uma inclinação de quase 90º e fiquei a fazer de tartaruga, com a mochila a servir de carapaça no chão e as perninhas viradas para o ar...).

É o espírito. Não se deixa ninguém para trás quando precisa de ajuda. Mesmo em competição!