Cansado
Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!

etros de altitude, uma visão assombrosa, crua, forte, inamovível, na paisagem. E com uma particularidade face a todos os outros cabeços em redor. Uma das vias para chegar ao cume, significa passar por dentro de uma fenda estreita pelo meio do maciço de granito, um autêntico buraco no meio do chão, pontuado por rochedos enormes que é preciso subir, contornar por baixo, trepar, para chegar lá acima, àquela estreita ranhura da qual se desprende alguma claridade, e que nos leva a meio caminho do topo do monte. Uma rota magnífica, da qual se emerge com uma força renovada para fazer os metros que faltam.
. Chegar ao final da fenda, atravessar aquele raio de luz vindo directamente do céu, se foi uma sensação de emersão de novo para o Mundo, foi também uma experiência colectiva, mais um “conseguimos!” do que um “consegui!”. E, também por isso, soube muito bem.
seguia ao longo do verde do vale, com a corrente do rio à esquerda, e a Nevosa e os Carris ao fundo, fora da nossa vista, apenas pressentidos no infinito. E, cada um de nós, a seu tempo, com uma inspiração mais ou menos longa, mais ou menos profunda, com os seus próprios pensamentos e reflexões guardados consigo, deu um passo em frente, pisando o caminho e ficando um passo mais próximo dos nossos objectivos desse dia.
Este foi o primeiro passo para um dia verdadeiramente magnífico. Um dia extraordinário em que, para além de ter a oportunidade de fazer algumas caches míticas, tive, sobretudo, a sorte de o fazer integrado num grupo expedicionário 5 estrelas – sob todos os aspectos.
Depois foi o caminho em corta-mato até à Nevosa, pelo meio de mal-definidos carreiros, procurando o melhor caminho que minimizasse os efeitos da nossa passagem e nos levasse mais rápido e da forma menos cansativa lá acima, atravessando uma selada em altitude, com o vale de um lado a levar o olhar até Pitões das Júnias e mais adiante, até ao Marão, e, do outro, para as serranias galegas do Xurés. A vista, sob uma luminosidade pouco habitual, deleitava-se com o cenário magnífico, pontilhado, ainda, por mais garranos na paisagem, e pelo rochedo da Nevosa em fundo.
hum degrau ou subida para vencer. Estava realmente no ponto mais alto de todos os arredores. Ali, no topo da Nevosa, rodeado de amigos que, de uma forma ou de outra, me ajudaram a ali chegar, podia realmente perceber o que estava do outro lado da montanha, podia ver todos os meandros em meu redor, extasiar-me com uma paisagem magnífica, encher os pulmões de um ar puro, livre e sem restrições. Tinha atingido o cume. E estava (e estou!!) muito feliz por isso. É que… vale mesmo a pena! Acho que é daquelas sensações que muito dificilmente podemos mesmo transmitir por palavras.
tivemos as paredes em si. Sábado foi dedicado à escalada em parede artificial. Primeiro, com uma manhã dedicada a bloco, escalando até alturas máximas de 3 metros no Parque da Pedra, de Monsanto. Um tipo de escalada de força explosiva, e de técnica pura, com alturas baixas e sem cordas de segurança, mas com o apoio de um segurador atrás do escalador (é isso que estou a fazer ali atrás…) e o acompanhamento de um crash-pad (um colchão de espuma, para amortecer uma possível queda no solo). E, à tarde, subindo as paredes de 10 metros da Mata de São Domingos de Benfica, já em escalada desportiva, com cordas, arneses, gri-gri ealguém, no outro lado de tudo isto, a assegurar que não vamos parar cá em baixo. Confesso que, na minha primeira tentativa, congelei – mas, na segunda, com a confiança que tenho no Rui (e isto é fundamental), cheguei lá acima! Um sonho! A primeira via de escalada desportiva que completava! Tinha superado as vertigens!