A chover...
Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!
E incrível como há geocaches que nos enchem logo as medidas, que nos preenchem o dia por completo com o esforço, a aventura e o sorriso, e outras, por mais que façamos, deixam sempre o dia incompleto, mas enfartado.
Mas... excelente! A repetir na próxima passagem de ano!
A minha primeira. Mais detalhes logo...
A imposição de uma taxa de €200 para a prática de desportos em áreas protegidas é errada - sobretudo, quando a única contrapartida que se dá é o usufruto de um espaço que é propriedade nacional, logo, de todos. Um espaço que é importante proteger, mas que, para o ser, precisa que as pessoas o conheçam, gostem dele, e usufruam dele. Não tenho grandes dúvidas que uma das razões (há mais) para o fim dos grandes incêndios em Sintra esteja nas centenas de pessoas com que nos podemos cruzar na Serra em qualquer fim-de-semana. Com o Gerês, deveria ser o mesmo.
Mas, não estou directamente contra a imposição de taxas de utilização do espaço para a prática de desporto. Acho que, no entanto, deveriam ser claramente diferentes. Acho que deveriam ser mais baixas (máximo de €10), com benefícios e contrapartidas claras que vão além do usufruto do espaço - como mapas, documentação de interpretação, assistência, seguros. E que distinga entre organizações e associações e a prática individual.
9h00! Porra, ainda estou a sair das bombas! Mais cinco minutos e estou no Centro de Reabilitação de Alcoitão… atrasado! Certo… Lá estão o Ricardo e o Nuno, os meus companheiros do Atlas, de Setembro. Entramos no carro do Ricardo e arrancamos. Direcção: Cabo da Roca, para uma caminhada de 12 kms, ao longo das falésias.
Céu azul, temperatura fresca, mas não demasiado. O dia prometia. Especialmente depois de uma semana inteira fechado dentro de um centro de formação – lindo e fabuloso, sem dúvida, mas, ainda assim, uma casa. Liguei o GPS, procurei a track que tinha baixado do GPSies para o meu Garmin na noite anterior e fizémo-nos ao caminho. Andámos umas centenas de metros na estrada e, depois, virámos à esquerda, percorrendo um pequeno caminho que nos levou até ao topo da falésia, pelo meio da vegetação. A paisagem era de cortar a respiração – o mar de um azul forte, entrecortado aqui e ali pelo branco das grandes vagas junto à costa, a contrastar com os tons de castanho e verde da terra, e o pontilhado do casario. E com a grande Ursa mesmo à nossa frente, um colosso no meio daquela visão. Magnífica!
Contornámos a Praia da Ursa pelo meio da falésia, e, depois, começámos a descida pelo vale do ribeiro que lá se encontra, para subirmos a encosta do outro lado e continuarmos em direcção à Adraga. Subitamente, o Ricardo (o Leite, não eu) parou. “Epá que chatice! Estou com uma alergia!”. Arregaçou a manga – grandes borbulhas começavam a formar-se no antebraço. “É uma reacção alimentar. Nunca descobri do que que é. Deve ter sido do travesseiro de há pouco. Estou com um calor”. Decidimos esperar para ver se podíamos continuar. “Estás melhor?” perguntou o Nuno. “Nem por isso” – nessa altura, as borbulhas do antebraço esquerdo já eram uma grande erupção, e começavam a aparecer-lhe mais na barriga e na testa. Escolhi o melhor caminho para sairmos dali “Subimos a direito e lá em cima temos um caminho grande que dá para carros e leva à estrada” e trepámos até lá acima. “A partir daqui, temos a situação controlada” pensei... Mas o Ricardo não parecia sentir exactamente a mesma coisa. Lançou-se ao chão, derreado do esforço da subida e o Nuno foi buscar o carro ao Cabo da Roca, enquanto eu fiquei com o Ricardo.
De repente, o Ricardo caiu para a frente, de gatas, a arfar pesadamente. Ajoelhei-me rapidamente ao lado dele, para o ajudar. Com um gesto, pediu-me um telefone. Depois ouviu-o a dizer entre os espasmos “112”. Agarrei no telefone e marquei o número. Ao longe, a Ursa assistia a tudo, impassível. Em um minuto liguei ao 112, fizeram a triagem telefónica e mandaram a ambulância. As erupções do Ricardo tinham-se tornado gigantescas! A mão esquerda do Ricardo estava branca, porque o inchaço no pulso não deixava passar muito sangue para a irrigar!
Mas, aos poucos, a respiração começou a tornar-se regular, e as erupções deixaram de alastrar. O Ricardo conseguiu recomeçar a falar – devagarinho, mas coerentemente. E a ambulância chegou, com o Nuno, que ficou no entroncamento, a garantir a direcção correcta. Ajudei o Ricardo a levantar-se e assim que ele entrou na ambulância, ficámos mais tranquilos. Ele foi assistido logo ali. E ficou bem. E ficámos só com a memória de um grande susto!
... Vai ser aterrar em Lisboa, apanhar o taxi para casa, desfazer a mala. Mas também preparar a mochila e descarregar a rota para o GPS. Amanha, as 9h, lá estou eu no cabo da roca para uma caminhada com os meus companheiros do toubkal!
Ter aceite o convite do Bernardo para ir correr com ele para a zona onde ele mora (Hampstead, no Centro-Norte de Londres) foi um excelente início de dia. Para já, voltar a correr com um dos meus companheiros do Challengers é sempre um prazer! Depois, tive a oportunidade de ser conduzido por parques magníficos, que nem sabia que existiam, como Hampstead e High Gate, cheios de carvalhos e outras árvores (rápido, preciso de formação em biologia!!!) espectaculares, a pisar a relva (é para isso que ela ali está!), a terra e a lama (e não era pouca), a cruzarmo-nos contantemente com outras pessoas, a correr, a passear o cão ou simplesmente a usufruir do espaço, a deliciar-me com paisagens espectaculares sobre Londres que não sonhava existissem!
Se eu adoro correr no Paredão, junto à praia, em casa, descobri também que adoraria poder correr todos os fins-de-semana neste espaço! Valeu Bernado!
A minha revista preferida foi ao ar... Vamos ver se a edição online está à altura!
Artigo fácil, rápido e conciso, que vou ter que tentar explorar um pouco melhor...
No Domingo tive uma prova dura. Foi uma prova longa de 6,8 quilómetros lienares, o que significa que, provavelmente, devo ter corrido à volta de 8 kms em piso de areia, no meio do pinhal, a rasgar arbustos que me davam pelo joelho, a proteger-me do vento cortante frio que soprava do mar da Nazaré, a tentar não ser incomodado pelas gotas de chuva. Uma prova de navegação difícil, com pequenos pormenores que nos podiam baralhar e fazer perder o Norte. Mas, uma prova que me deu muito gozo! Pelo prazer de cruzar o pinhal, pelo cheiro da terra molhada, pela sensação de pisar a areia, pelos sons da chuva a bater na folhagem acima de nós, pela velocidade, pelo respirar do ar frio e húmido! Pelo prazer incontornável de olhar para um mapa e vê-lo materializar na cabeça, e depois levantar os olhos e vê-lo ali no terreno. Pelo desafio de navegar por ele até àqueles pequenos pontinhos perdidos no papel e que sabemos que vão estar ali, algures, no meio daquele verde e castanho.
É este o meu desporto! A orientação! Jogar xadrez enquanto se corre no meio da natureza, como os nórdicos lhe chamam. Eu corro e treino para isto – não para conseguir fazer mais quilómetros em estrada! Eu corro e treino pelo prazer de poder correr na natureza, usufruir dela, com dezenas de pequenos problemas para resolver no meio. E o sorriso com que acabei a prova no Domingo (e no Sábado), é a melhor prova disso.