As crónicas do Lynx

Uma colecção de pequenas crónicas dedicadas a uma grande paixão de sempre: Viver essa maravilhosa aventura que é o dia-a-dia!

quinta-feira, junho 27, 2013

800 metros

E o meu novo treino. On top das minhas corridas habituais de distancia, dos trails e dos treinos técnicos, agora, juntei um treino de velocidade de 800 metros - mas nada de pensar que e estonteante, continuo mais lento do que qualquer queniano a correr os seus 42 kms...


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segunda-feira, junho 24, 2013

Agarrados, junto a praia

Hoje fui correr na praia, em praya del Carmen. Eram 7h da manha, a praia estava deserta. Ou assim me parecia. Porque, de repente, junto a um arbusto, a 5m da linha de agua, pressinto gente. E um casal mexicano, a dormir bem agarrados um ao outro, vestidos, claramente pessoas com pouco dinheiro. Aquele tinha sido (era) o seu quarto para esta noite. E se pensei que aquela era uma imagem de amor (porque ele estava claramente a abraça-la e protege-la), pensei também que era uma de miséria e pobreza - e de como não fazemos o suficiente para combater as desigualdades no mundo.


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terça-feira, junho 18, 2013

E para correr...

Estou no meio de uma selva urbana, com 20 milhões de habitantes, e em que o ar está tão poluído que a JK está com o nariz completamente entupido. E eu até nem estou numa área má - estou numa "semi-bolha", a maior altitude ainda que o resto da cidade (o que pode ser mais extenuante para o exercício físico, mas, até ajuda a fugir da poluição), com um tipo de arquitectura e de segurança bem diferente do resto da cidade (na realidade, em termos de arquitectura, apesar de bonita, esta zona é tão anónima que poderia ser em qualquer país do Mundo). Mas, apesar de estar numa área de classe média-alta e alta, não há parques, ruas pedonais, qualquer sítio aprazível para correr - não há mesmo um sítio em que apeteça calçar os ténis e fazer uns quilómetros (mentira! Na realidade, há um caminho de corrida, lindo, por entre árvores de um bosque, só que está dentro de um condomínio privado e o meu hotel não tem nenhum acordo com eles). Ou seja, para correr aqui, só mesmo no ginásio, a fazer quilómetros na passadeira... 

P.S- E, por isso, acho que não vai haver um "correr na Cidade do México"...

quarta-feira, junho 05, 2013

De volta a corrida nos trilhos

Ou ao trail running. Como lhe quiserem chamar. Mas o grande ponto e que voltei a correr na floresta, por entre as arvores, deixando para trás o asfalto e o cimento, trocando-os pelo prazer de sentir as diferentes pedras no caminho que piso, o olhar distante para ver o caminho e o ao perto para não cair num chão irregular, o esforço da subida em terra e o voar baixinho de prazer numa ligeira descida em que a floresta se abre para uma planície pontilhada de arvores isoladas. Um prazer!




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terça-feira, junho 04, 2013

Correr no Crato

Sair da casa branca para o empedrado, sentir o cheiro da terra profunda, começar. Passar o coreto, a igreja, sempre em empedrado, olhar o mosteiro num olhar mais rápido do que as suas formas e história exigem, dizer olá ao cão que dorme ba soleira da casa, sair da flor da rosa e estar na planície, com os sobreiros e as oliveiras a passarem no ritmo da passada. Virar a esquerda, mais 1k e estou no Crato, cumprimentar os alentejanos de boina com quem me cruzo, piscina nova, mais empedrado, outro coreto, uma adega, virar, "a flor da rosa e por aqui?", "e sim, mas olhe que isso e um quilometro e meio sempre a subir", "não há mal, que faz bem as pernas", subir pela planície, o homem tinha razão, mas eu também, isto do faz e bem, casas brancas, cheguei.




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segunda-feira, junho 03, 2013

Uma aldeia perdida


Meio dos Andes. Ainda acima dos 4000 metros. No fundo de uma estrada poeirenta, cheia de curvas, longa, apertada entre montanhas. Uma aldeia. Poucas casas. Pequenas. Uma igreja maior. Alguma agricultura de subsistência. Lamas que imagino que valham ouro pela sua carne e lã. Estou certo que o turismo dos geyseres dá uma ajuda. Mas, de que vive esta gente de rosto encardido pelo Sol, feições sorridentes e duras, perdida do Mundo?


Ali ao fundo, já é a Bolívia


4000 metros de altitude. Um Sol forte no azul do céu, potenciado pela rarefacção do ar em altitude. Um lago com flamingos. Uma pequena aldeia abandonada na sua margem. Os picos dos Andes a rodearem-nos.

"Ali, do outro lado do lago, já é a Bolívia".

O meu pensamento voa até um país distante e tão diferente, feito nas montanhas dos Andes.


sábado, junho 01, 2013

Geyseres a 4000 metros de altitude


4h da manhã. Foi duro acordar a essa hora, apesar de me ter portado bem na noite anterior (muito bem, mesmo). Vesti a roupa mais quente que tinha, diversas camadas, luvas, buff no pescoço, outro na cabeça, por baixo do chapéu, dois polares leves, caneleiras de lã de lama compradas no dia anterior, botas e aí estou eu, pronto para enfrentar o frio do Deserto do Atacama às 4h30 da manhã. Quando chegou o autocarro para nos levar, o aviso do guia confirmou as informações anteriores e toda a roupa que levava - lá em cima iam estar -9ºC.

"Lá em cima" era o campo de geyseres de El Tatio, nos Andes, junto à fronteira com a Bolívia - um imenso campo de geyseres (o terceiro maior do Mundo, e o maior do hemisfério Sul), a 4200 metros de altitude! Para lá chegar (para além de ter que se acordar bastante cedo), temos que percorrer cerca de 2 horas de autocarro por estradas andinas de terra batida (algo perfeitamente controlado, uma vez que estávamos integrados numa excursão que deve ser diária... para além de que havia outras companhias com a mesma excursão) e pagar a entrada no Parque Natural (barata para bolsos europeus, mesmo se portugueses). E, acreditem, vale a pena! A sensação de ver o parque coberto do vapor quente que sai dos geyseres e das fumarolas, com os picos altíssimos dos Andes como enquadramento ao nascer do Sol é uma experiência fabulosa, daqueles que tenho a certeza que não vou esquecer. Não que os geyseres sejam muito altos (desiludam-se os que esperam "erupções" de água de metros e metros de altura), mas o ambiente, no ar frio da manhã, a uma meia-luz que vai crescendo aos poucos, é majestoso!

Pelo meio, para além das muitas fotografias, ainda tive tempo para um mergulho numa piscina termal ao ar livre (a experiência de estar só com fato de banho com -9ºC de temperatura ao ar livre faz-nos querer entrar na água quente da piscina o mais depressa possível!), lamas, alpacas e a oportunidade de bater o meu recorde pessoal de altitude - que, de forma bem anti-climaxiana, foi atingido tranquilamente sentado num autocarro, quando passámos por um monte a 4500 metros de altitude...